30.12.09

Bom Ano Novo 2010


Quero agradecer e desejar a todos os amigos leitores/visitantes, pela confiança depositada no meu trabalho e leitura diária deste blog, aos amigos que me apoiaram e ajudaram no crescimento, aos amigos que me deram muita força neste ano de desafios e muitas vitórias.
Desejo a todos um ano de muitas realizações e bençãos.
Que 2010 seja de muita saúde e paz, para todos nós.
Lumenamena

23.12.09

Inquietações


O Filosofar dos Adolescentes

Na adolescência, o período atribulado em que a criança começa a ceder o seu lugar ao adulto em gestação e as crises de identidade e de identificação se agudizam, tem lugar a irreverência e importúnio até, caústico na maior parte dos casos.
Intelectualmente adulto, possui um pensamento-discurso capaz de acompanhar as argumentações dadas e de ponderar a sua razão, na posse das múltiplas informações na aprendizagem escolar, na comunicação social, no cinema, na rádio e na convivência com o que os outros lhe trazem, o jovem adulto, ávido de afirmação pessoal e de uma identidade própria. O perguntar e o responder não têm limites nem fronteiras.
Na direcção familiar, escolar, social e política ele oferece a crítica mais impiedosa, de ruptura, de utopia e de ingenuidade.
As perguntas saem-lhe como saem, contra tudo e contra todos, ainda que frequentemente não contra alguém em particular.
Naqueles em que a sensibilidade reflexiva é maior, as horas de solidão, às vezes impostas, às vezes procuradas, tais como:

Porque sou eu e não outro?
Porque é que tenho os pais que tenho?
Será que existe mesmo Deus?
E se Deus não existir?
Qual o sentido da existência?
Porquê a violência?
Porque é que não nos deixam fazer o que nos dá vontade?
Porque é que não se há-de experimentar tudo?

São estas as perguntas que constituem em longos períodos de inquietação.
Lumenamena

18.12.09

Acção Humana


A Liberdade Como Exigência Essencial

Sem a ideia de liberdade, sem a convicção de que somos livres, não fazem sentido as ideias de responsabilidade pessoal, de mérito, de culpa, de remorso, de punição. Se somos aquilo que a hereditariedade e educação fizeram de nós, não agimos mas somos dirigidos por mecanismos que nos dominam. Todas as acções humanas serão simplesmente algo que nos acontece, e só aparentemente seremos nós próprios.
A convicção de que somos livres baseia-se de que as nossas decisões não são pura e simplesmente controladas pela genética, pelas nossas experiências passadas, pela socialização e pela educação.
Somos seres naturais mas é difícil admitir que façamos simplesmente parte da natureza e sejamos totalmente programados pela nossa constituição natural; somos seres sociais mas é improvável que nada mais sejamos do que o resultado da educação que recebemos, das boas ou más companhias que tivemos, etc.
Por grande que seja a nossa programação biológica ou cultural, nós, seres humanos, podemos acabar por algo que não está no programa. Podemos dizer "sim" ou "não", quero ou não quero. Por muito apertados que nos vejamos pelas circunstâncias, nunca temos ou só caminho a seguir, mas sempre vários.
Lumenamena

14.12.09

Jesus Cristo


O Amor Eterno

Se reflectirmos sobre a mensagem de Cristo, podemos chegar a diversas conclusões, essencialmente a mensagem de Jesus é catalisadora, a forma como é alcançada é fundamental para que possamos analisar interiormente as nossas potencialidades. A mensagem de Cristo é eterna, basicamente devido à sua simplicidade, simplicidade essa, que faz com que seja difícil a compreensão da sua mensagem. Mas afinal, qual a mensagem de Cristo? O amor, da sua maneira mais simples, da sua forma mais pura, essa mensagem nos fala de um amor Universal, um amor fraternal, sem limites, isto faz com que a sua mensagem, ainda seja de difícil compreensão pela humanidade.
Que amor é esse?
De onde vem o amor?
O amor é a força motriz do Universo, o amor equilibra e alinha o cosmos, o amor é responsável pela vida em todos os aspectos, o amor é a realidade do Ser, é a integralidade do espírito. Simplesmente existimos pelo amor e para o amor, tudo que venha a ser diferente disso, não passa de uma ilusão. O amor como força Universal inesgotável renova-se a cada momento, ele não permanece imóvel, ele se alimenta, se desenvolve, se evolui. Após o contacto com o amor a modificação do Ser é total, ele integra-se novamente no cosmos, sente-se parte do todo. O amor emancipa a alma para a sua totalidade, ele faz de nós os seres que somos, ele abre-nos a verdadeira visão.
O amor pregado por Cristo é o amor Universal, onde amar os inimigos é tão importante quanto amar a si mesmo, onde o próximo não é apenas o próximo, mas sim um todo na essência divina. Somos todos parte do mesmo ser, todos uma célula de um grande organismo, é como o sangue, essencial para que todas as células possam ter a adequada nutrição, assim como o sangue é o alimento da célula, o amor é o alimento da alma.
Lumenamena

10.12.09

O Sentido da Vida


Existência

“É chegada a hora de nos separarmos: eu para morrer, e vós para viver. A minha sorte ou a vossa, qual será a melhor?” Ninguém, a não ser a divindade, saberá responder”.

Estas terão sido as palavras de Sócrates no fim do julgamento a que foi submetido, em Atenas. Todos sabem que Sócrates foi um mártir da filosofia. Foi condenado à morte pelo facto de ter disposto a sua vida com o impulso de despertar os homens da sua terra, obrigando-os a afastarem-se das preocupações corriqueiras, forçando-os a reflectirem-se sobre os problemas mais profundos, relativos ao sentido da vida e à noção de bem.
O problema do sentido da vida é aquele que se põe com a maior naturalidade. Se nos ouvirmos a nós mesmos, se auscultarmos as nossas próprias inquietações, na sua maior profundidade, veremos que o que se passa é que colocamos espontaneamente a questão da significação da existência. De onde vimos? Quem somos? Para onde vamos? E estas questões põem-se naturalmente. Basta que possamos desligar-nos por instantes das preocupações que nos aprisionam à vida prática. O problema que se põe é: conhecer o significado deste facto de nascer, viver e morrer. É sempre assim: nascer, viver e morrer, isto parece-me normal. Mas o nosso pensamento podia exigir que fosse diferente. Mas pensemos bem: podemos imaginar que o homem nascesse velho e morresse criança. Qual a necessidade de nascer criança? Mas o facto é que a realidade é assim. Verifico então um facto da maior importância: a irreversibilidade da vida. Ela parece ter uma direcção. Não podemos mudar esta direcção. E o que tem direcção tem um sentido. E é este sentido, que procuro conhecer. E é pelo facto de existir este sentido, que não posso deixar de colocar o significado da vida. Porque o que encontramos, no mundo dos seres vivos, não é um simples flutuar. Encontramos uma direcção, encontramos uma irreversibilidade, e isto é um desafio à nossa inteligência.
Lumenamena

6.12.09

Bater no Fundo


Sentir Melancolia

O ser humano tem de conviver com a melancolia e a dor, por vezes, sentimentos inevitáveis e necessários. A tristeza é uma boa forma de adaptação, pois contribui para que uma pessoa se cuide contra qualquer perigo grave ou repentino.
Sentir-se triste ou melancólico não é sinal de uma doença mental nem equivale a sofrer de depressão. É apenas quando os sentimentos se prolongam ou se acentuam, que podem começar a ser considerados patológicos.

A melancolia é representada por um rosto apoiado nas mãos, a cabeça pesa, cheia como está de mórbidas fantasias. Os músculos da nuca, que deveriam manter erguida a cabeça, estão sempre tensos, é uma tensão arcaica, a mesma que faz um herbívoro erguer a cabeça, alarmado, quando fareja um carnívoro.

A expressão da face é, naturalmente sombria. Não é exactamente uma face escura, mas escurecida. Uma das características dos melancólicos, é combater a secura. Produzida pela combustão negra no organismo, resultante de um calor anormal, no corpo, o calor da raiva, por exemplo, uma paixão que consome o espírito e acaba por esfriar e secar o corpo. Metaforicamente falando, melancolia é isso, frieza e secura, enquanto a alegria é húmida e quente.

O sanguíneo é forte, musculoso, gosta de companhia, de comida, de bebida. O melancólico é magro, pálido, taciturno, lento, silencioso, desconfiado, invejoso, ciumento, solitário, aliás, a solidão é causa e consequência da melancolia, assim como a inactividade. A melancolia adusta, contudo, pode ter uma fase quente, furiosa, alternada com outra mais típica, que é fria e contida, que se enquadra no conceito de doença bipolar. Alimentos frios e secos dão melancolia, alimentos quentes e húmidos combatem-na.

Melancolia é um distúrbio dos humores, a alma se desliza do corpo. É uma admirável condição da mente.
Lumenamena

4.12.09

Quadra Natalícia


O Consumismo Destrói o Sagrado

A estação do Natal comercializado chegou. Para quase toda a gente, fora os miseráveis, o que faz muitas excepções, é uma paragem quente e clara no inverno cinzento. Para a maioria dos celebrantes de hoje, a grande festa cristã fica limitada a dois grandes ritos: comprar, de maneira mais ou menos compulsiva, objectos úteis ou não, e empanturrar-se a si e às pessoas da sua intimidade, numa mistura indestrinçável de sentimentos em que entram igualmente a vontade de dar prazer, a ostentação e a necessidade de se divertir.
Trata-se de um nascimento, de um nascimento como todos deveriam ser, o de uma criança esperada com amor e respeito, trazendo em si as esperanças do mundo. Trata-se dos pobres, Maria e José procurando tímidamente em Belém uma hospedaria para as suas posses, sempre desprezados em favor de clientes mais ricos e reluzentes e por fim insultados por um patrão que “detesta a pobralhada”.
É a festa dos homens de boa vontade. É a festa da comunidade humana, porque é, ou será dentro de dias, a dos três Reis, cuja lenda quis que um fosse negro, alegoria viva de todas as raças da Terra, levando ao menino a variedade dos seus dons. É a festa da alegria, mas também da dôr, pois que a cada criança hoje adorada será amanhã o Homem das Dores. É enfim, a festa da própria Terra, que nos ícones da Europa de Leste vemos tantas vezes prosternada à entrada da gruta onde o Menino nasceu, a mesma Terra que na sua marcha atravessa neste momento o ponto do solstício de Inverno e nos arrasta a todos para a Primavera. Por esta razão, antes que a Igreja tivesse fixado o nascimento de Cristo nesta data, ela já era, nos tempos antigos, a festa do Sol.
Parece que não é mau lembrar estas coisas, que toda a gente sabe, e que tantos esquecem.

Lumenamena

2.12.09

Meditação Transcendental - 3.ª parte


A Ciência do Ser e a Arte de Viver

(Continuação...)
Imagine que tem na sua mão um bloco cilíndrico. Vendo-o de lado, ele aparecerá como um quadrado; vendo-o do topo, ele aparecerá como um cilindro. Nós somos capazes de integrar estas perspectivas parciais ao objecto, a duas dimensões, num conceito mais compreensivo a três dimensões de um cilindro e não encontramos qualquer conflito entre as suas vistas. Mas se nós não tivéssemos esta estrutura perspectiva mais ampla, e tivéssemos de relacionar tudo num sistema de referência a duas dimensões, teríamos de defrontar-nos com um objecto que se apresentaria por vezes como um quadrado e outras vezes como um círculo. Nesta situação, a única forma de resolver o aparente paradoxo seria a de tentar explicar em termos do outro e, e se isto falhasse, declarar que um ou outro devia ser uma ilusão. Este é o tipo de situação com que a pessoa no estado de vigília se defronta, no que respeita ao absoluto e ao relativo. Não é que o relativo seja uma ilusão, nem que o absoluto seja irreal, ambas são reais, e a única maneira de resolver verdadeiramente o paradoxo é expandir a consciência a tal ponto, que possamos abranger ambos os aspectos simultaneamente. As diferenças são apreciadas no pleno valor da harmonia infinita. É um estado de paz e de realização.
À medida que a pessoa continua do quinto ao sétimo estado, defronta-se com experiências que, de acordo com todas as descrições, são absolutamente notáveis. O mesmo princípio aplica-se a cada etapa de desenvolvimento. Do quarto ao quinto estado de consciência a fôrmula é: “medite e tenha actividade”, regularmente e sem esforço, e continue com o resto da sua vida como habitualmente.
Removendo o mistério do misticismo – O misticismo tem muito pouco a ver com o mistério e vêm ambos da mesma raiz grega muo, que significa fechar os olhos e os lábios e tornar-se silencioso, mas enquanto um “mistério” é uma falta de conhecimento que resulta geralmente do silêncio dos outros, o “misticismo” é uma plenitude de conhecimento causada pelo retirar-se pessoalmente do mundo para um estado de silêncio interior.
Há uma opinião entre alguns psicólogos, de que é possível induzir estados superiores de consciência ao mudar directamente a química do cérebro. Considerando um exemplo específico, o LSD tende a concentrar-se no sistema visual do cérebro. Quando é muito forte, a pessoa pode muito bem ter experiências com descrições semelhantes do sexto estado de consciência, podia-se fácilmente supôr que os dois eram idênticos. Mas, quando ambos os estados são experimentados, torna-se imediatamente claro como eles são tão diferentes.
O que faz a meditação ao cérebro?
Dentro do nosso cérebro temos certas células específicamente elaboradas para criar e estimular o impulso beatífico e místico. Porém, elas só são activadas quando o homem já desenvolveu certas prerrogativas, tais como a pureza de vida e de elevação do pensamento. Também, quando já se nasce com certa evolução, elas podem manifestar-se espontâneamente, e eis a razão porque ocorrem estados místicos inconscientes.
Esta actividade mística do cérebro, que se pode traduzir por uma “doçura”, é estimulada através da Meditação. O espaço que deve haver entre as práticas de Meditação não deve ser muito longo, porque a capacidade cerebral de mantêr em actividade as células que estão impregnadas de “beatitude”, se não houver continuidade, esgota-se. A Meditação é o meio de as mantêr activas e de as recarregar novamente de energias, para ajudar os neurónios a multiplicarem-se e a produzirem novo afluxo de “doçura”. Ou seja, o prazer que sentimos no organismo (alegria interior) é provocado pela capacidade do cérebro transformar certas substâncias químicas, tais como os “açúcares”. Quanto mais “açúcar” (transformação química das células), mais tempo conservamos o bem-estar e a felicidade. Estes “açúcares” nada têm a ver com o açúcar que se ingere normalmente na alimentação, que o nosso organismo tem a capacidade e função de transformar. Este “açúcar”, ou o elemento químico doce, que provoca a “doçura” ou felicidade, é “fabricado” na Meditação.
Este açúcar é uma substância, Melatonina, derivado de um aminoácido fabricado pela glândula pineal. A Meditação impulsiona qualitativamente a glândula pineal, que por sua vez, afecta mais áreas do cérebro, entre as quais as que contêm os neurónios que se recordam de entidades superiores, e que na maior parte dos seres está passiva. Aguardemos que a Ciência venha a descobrir.
Fim
Lumenamena

30.11.09

Meditação Transcendental - 2.ª parte


A Ciência do Ser e a Arte de Viver

(Continuação…)
O estado de consciência transcendental é completamente distinto dos três estados de consciência encontrados, vigília, sonho e sono profundo. Pode-se distribuir estes três estados principais de consciência, apenas por dois parâmetros: (1) se o indivíduo está ou não acordado; e (2) se o indivíduo está ou não consciente de alguma coisa.
Há vários estados “superiores” de consciência que se desenvolvem como resultado do contacto regular com a consciência transcendental. Usarei a palavra “superior” para me referir a estados de consciência em que as percepções normais dos estados de consciência vigília, sonho e sono profundo, foram acrescentadas de uma forma ou de outra. Aos estados não modificados de vigília, sonho e sono profundo, chamarei estados “normais” de consciência. A consciência transcendental, sendo um estado de consciência pura, não é, portanto, nem um estado de consciência normal, nem um estado de consciência superior. Está numa categoria única, apenas sua.
A coisa mais importante a notar no quinto estado de consciência, é que a consciência pura é agora mantida não apenas nos estados mais profundos, mas vinte e quatro horas por dia, até no sono mais profundo. O pensar abrange agora todos os extractos da actividade mental e, por causa disso, Maharishi chama-o consciência cósmica. É aquele em que o estado transcendental é permanentemente mantido junto com a vigília, o sonho e o sono profundo.
Para cada estado de consciência há um estado correspondente de actividade física no corpo, e que é apenas ao produzir-se uma mudança profunda e duradoira na consciência. Uma das premissas é de que estamos apenas conscientes dos níveis superficiais da actividade mental. O que nos impede de estar conscientes dos níveis mais subtis do pensamento e do próprio campo da consciência pura, é a existência de stress no sistema nervoso. O quinto estado de consciência é apenas alcançado quando todo o stress acumulado foi dissolvido. Para isso, todo o organismo, deve ser “exercitado”, de modo que se possa ajustar ao seu estilo de funcionamento. A actividade permite ao corpo recuperar-se do enfraquecimento provocado pelo stress e voltar ao normal. Maharishi compara isto à diferença entre desenhar um traço numa pedra e desenhar um traço na água. O traço desenhado na pedra deixa um risco permanente à superfície que apenas com dificuldade é removido; o traço desenhado na água é o mesmo traço, mas não deixa nenhum vestígio permanente. Na consciência cósmica, uma experiência é como um traço na água; a experiência é percebida, mas o sistema nervoso já não fica “riscado” por ela. É um estado de completa serenidade em face a toda a adversidade, onde nada pode obscurecer a experiência de percepção pura. Um exemplo da consciência cósmica:
“A habilidade de estar no meio de Manhattan e mantêr ainda a experiência do Eu”.
O importante é que, seja o que fôr que estejamos a fazer, devemos estar completamente envolvidos nessa experiência cósmica, e não tentando mantêr um sentimento de separação. Só desta forma começaremos a infundir os efeitos da meditação na nossa vida do dia-a-dia. É por esta razão, que este estado é muitas vezes conhecido como um estado de permanente Auto-realização (literalmente a compreensão do Eu).
No sexto estado de consciência, a percepção dos objectos é refinada até ao ponto em que estamos conscientes dos níveis mais finos da existência, como um microscópio, é um nível de luz pura, um estado de consciência cósmica glorificada.
Santo Agostinho observou que:
“Não era a luz habitual que toda a matéria pode ver, nem era mais intensa, ainda que da mesma espécie, como a luz do dia fosse crescer em brilho cada vez maior e inundasse todo o espaço. Não era como isto, mas diferente; totalmente diferente de todas estas coisas.”
No sétimo estado de consciência, chama-se o estado de “consciência de unidade”, ou a maior parte das vezes “Unidade”. As janelas da percepção tornam-se refinadas, e tudo tanto dentro como fora, é agora apreciado em termos do Eu puro.

O Mestre Eckhart estava nítidamente a descrever este estado quando escreveu:
“Tudo o que o homem tem aqui extremamente, em multiplicidade, é intrínsecamente Um. Aqui, todos os pedaços de erva, madeira e pedra, tudo é Um. Esta é a mais profunda das profundidades, e por isso estou completamente fascinado.”
(Continua…)
lumenamena

28.11.09

Meditação Transcendental – 1.ª parte


A Ciência do Ser e a Arte de Viver

Para os ocidentais, meditar significa reflectir, a respeito de alguma coisa. No Oriente, meditar é algo bem diferente. É entrar num estado de consciência onde se torna mais fácil compreender a si mesmo.
Maharishi Mahesh Yogi, um mestre indiano, diz que a meditação pode ser fácil, não exige esforço nem controlo, qualquer pessoa pode meditar, fosse qual fosse o seu temperamento ou estilo de vida. Lançou o programa MT-Sidhi, que visa o aprofundamento dos estados superiores de consciência produzidos pela Meditação Transcendental. Baseia-se num conjunto de técnicas descritas nos Yoga Sutra de Patanjali, e cuja prática supostamente produz poderes psíquicos como clarividência, visões do microcosmo e do macrocosmo, viagens interiores a mundos sobrenaturais e vôo ióguico. Maharishi defende que a prática do vôo ióguico produz níveis de coerência cerebral de tal magnitude que se fôr efectuada em grupo cria um efeito benéfico de apaziguamento e de redução dos níveis de violência no meio circundante - o chamado Efeito Maharishi.
Falarei nesta 1.ª parte sobre a técnica de Meditação Transcendental (ou técnica de MT). Experimentam-se níveis de pensamento cada vez mais calmos, até que chega a um estado de completa quietude mental. À medida que a mente se acalma, o corpo faz o mesmo, tornando-se mais descontraído que durante o sono. Contudo, a pessoa não vai dormir, permanece plenamente consciente e está normalmente atenta a tudo o que acontece à sua volta. Não é um estado de inconsciência ou transe hipnótico, é simplesmente um estado de quietude mental e física, acompanhado de total alerta interior. Esta técnica leva apenas cerca de 20 minutos, duas vezes ao dia, uma vez de manhã e outra ao cair da noite. Uma pessoa apenas se senta confortávelmente, fecha os olhos, e começa a prática mental. Outra questão é como relaxar. Nem sempre é tão simples como se julga. É muito fácil elevar a pressão sanguínea. Basta pensar numa experiência assustadora e isso acontecerá imediatamente. Mas não pode baixá-la tão rápidamente por apenas pensar numa experiência calmante. É aqui que a técnica de MT é tão benéfica. Em primeiro lugar, todo o processo ocorre de um modo completamente automático. E, em segundo lugar, a prática é integrada numa rotina normal diária, à qual, vai neutralizar o “stress” e tensões à medida que surgem.
Um pensamento, começa a partir do mais profundo nível da consciência e eleva-se através da total profundidade da mente, até que finalmente aparece como um pensamento consciente à superfície. Ele ilustra isto com uma analogia de uma bolha de ar a elevar-se num pequeno lago. Se o lago está escuro, então tudo o que vemos é a bolha de ar a rebentar à superfície. Nós não a vemos a iniciar-se a partir do fundo do lago e a viajar para cima, ao encontro da superfície. Analogamente, devido às nossas mentes estarem entorpecidas, o nascimento ou desenvolvimento de um pensamento na mente está escondido na nossa “vista”. Deste modo, verifica-se que cada pensamento estimula toda a extensão da profundidade da consciência. Esta imagem de um pensamento a nascer na mente, é evidentemente, apenas um modelo e não deve ser tomada demasiado à letra. Ela é, apesar de tudo, um modelo instrutivo e útil.
Os sons que são usados na técnica de MT são chamados mantras e são tirados da antiga tradição védica, da Índia, que sempre reconheceu a relação íntima entre som e forma. Os efeitos a longo prazo destes sons são tão importantes como os seus efeitos dentro da meditação. Deve ser um pensamento sem significado para não prender a atenção aos níveis superficiais do acto de pensar. Devem ser mantidos em silêncio.
É importante saber que nem o corpo, nem o cérebro estão privados de oxigénio durante a técnica de MT. O oxigénio disponível no sangue permanece no seu nível normal, simplesmente as necessidades do corpo são reduzidas. As pessoas que praticam a técnica de MT têm dito muitas vezes que durante os estados de meditação mais profundos a sua respiração desaparece por completo. Com a redução na respiração, há uma diminuição do ritmo cardíaco de cerca de 5 batidas por minuto (dez batidas por minuto durante a consciência transcendental). A inteligência com a técnica da MT, resulta num aumento tanto da velocidade como da capacidade do processamento de informação no cérebro, mudanças que podemos supôr conduzirem a um aumento de inteligência. Na criatividade, a meditação leva a atenção a níveis mais profundos da mente do que os normalmente atingidos durante o sonho. Ao acabar uma sessão de MT, a pessoa muitas vezes descobre a solução para um problema que tem estado na sua mente há muito tempo.
Esta 1.ª parte é resumida com a frase, “Regue a raiz para apreciar o fruto”. Mas reparem: “… para apreciar o fruto”. Não apenas “… e aprecie o fruto”, o que tornaria a apreciação em algo de efeito secundário.
Lumenamena
(Continua…)

24.11.09

Meditação Observadora


O Silêncio da Mente

Um dia limpei da minha mente todos os pensamentos. Abandonei todo o desejo. Expulsei todas as palavras com que pensava, e repousei na tranquilidade. Senti-me um pouco estranha, como se tivesse sido transportada para dentro de qualquer coisa, ou como se estivesse prestes a tocar algum poder desconhecido para mim… e entrei. Perdi as amarras do meu corpo físico. Estava dentro da minha pele, claro, mas sentia-me como se estivesse no centro do cosmos. Falei, mas as minhas palavras tinham perdido o seu significado. Vi pessoas a caminharem em direcção a mim, mas todas eram a mesma pessoa. Todas eram eu própria!

Num lugar sossegado onde ninguém o perturbe, observe simplesmente os seus sentimentos, impulsos, sensações e pensamentos. Não se preocupe com o facto de os seus pensamentos virem e irem. O seu compromisso é observá-los simplesmente. Se as emoções surgirem, deixe que passem ou flutuem. Também elas se movem com a corrente da sua consciência. Caso se intrometam sons, considere-os como pássaros que voam pelo céu do seu ser mais amplo. Se uma sensação o incomodar, tente deixar que essa sensação termine. Observe os seus sentimentos ou pensamentos, até que sinta um equilíbrio e uma clareza crescentes.
É uma técnica mental que permite qualquer ser humano mergulhar dentro de si mesmo e, experimentar níveis mais subtis da mente, transcender e experimentar o oceano da consciência pura do seu interior, ou seja, a fonte do pensamento. E com a prática regular, esse oceano de consciência pura é avivado.
A frequência da meditação é uma vez pela manhã e outra, à noite. Percebe-se muito mais alegria nas acções diárias, aumenta tanto que fica até difícil descrever em palavras. Através da prática aumentamos a capacidade da nossa consciência, e consequentemente a compreensão aumenta, elimina o stress, melhora a criatividade, a habilidade de resolver problemas e a intuição melhoram. Um dos efeitos da meditação é aquietar a mente, ou pacificar os turbilhões da mente. A meditação cria uma harmonização com os ritmos profundos do Universo, começando pelo interior, ligando as batidas do coração à respiração.
Mantras, são sons usados na técnica da meditação. A primeira condição é que ele deve ser um pensamento sem significado. Este pensamento podia ser obtido a partir de qualquer um dos sentidos. Podia, por exemplo, ser uma imagem visual sem significado. Mas, geralmente, considera-se que o sentido da audição é o mais adequado. São mantidos em silêncio, porque está a ser experimentado em níveis mais tranquilos.

Amar aviva-se a unidade. Acreditem que ao avivá-la tornamos a vida bem melhor. Talvez a iluminação esteja distante, mas quando se caminha em direcção à luz, a cada passo tudo se torna mais claro. Avivar a unidade no mundo trará paz à terra.
Lumenamena

21.11.09

SELO HiStO é HiStÓrIa




Carlos Bayma, http://koyaanisqatsi-cb.blogspot.com/, grata pela lembrança.

Selo HiStO é HiStÓrIa é para aqueles blogs que fazem história de verdade ... é um selo oferecido aquelas pessoas que fazem com amor e carinho aquilo que gostam e que tem uma paixão em conhecer o seu mundo, o mundo do outro, o mundo de hoje e o mundo de ontem.
As regras são:
Deve indicar 5 (cinco) blogs;
Sempre postar o link da origem do selo
http://www.dougnahistoria.blogspot.com/;
Sempre postar o link do blog que te ofereceu o selo;
Continuar sempre fazendo história;

Os escolhidos são:
http://giovannigranada.blogspot.com/
http://osho-br.blogspot.com/
http://edsoncarmo-amor.blogspot.com/

17.11.09

SELO/HOMENAGEM


Recebi esta homenagem do querido amigo Edson Carmo do blog: http://edsoncarmo-amor.blogspot.com/

Funciona assim: Escolho dez amigos para declarar a minha amizade e os nomeio num post.
Em seguida visito os seus blogs e comunico a nomeação.
Cada um deverá nomear mais dez, e assim sucessivamente.
Não há prêmios, apenas a nossa declaração sincera de afecto.
Quer prêmio melhor que esse?
Os meus indicados são:

11.11.09

Caras Novas, Medos Velhos

Drogas Inteligentes e Escarificações

Nas sociedades modernas as portas fecham-se a quem procura sensações extremas e leva essas pessoas a explorar caminhos novos para chegar ao mesmo sítio.
Quais são essas tendências?
Oferecem alguma resposta?
Todas as sociedades têm normas implícitas que dizem como se deve ser normalmente, mas não nos damos conta de até que ponto as culturas ditam como temos de ser quando não somos normais.
Por exemplo, em todas as culturas existem experiências alucinatórias que são consideradas desejáveis ou normais. A ketamina uma droga sintética consiste em dissociar o corpo da mente, provocando alucinações muito poderosas. Atinge-se o chamado “buraco-k”, onde se descobre a imortalidade, se conversa com extraterrestres ou se marca com luzes de néon o caminho até Deus. O efeito, sedativo e lúcido, suscita pensamentos existenciais. Deixam de ver o local em que se encontram em apenas dois minutos e sentem marteladas nos ouvidos: é o prelúdio da entrada num outro mundo ao qual se chega através de uma passagem subterrânea ou de uma conduta situada precisamente a meio do universo. A saída não é mais do que a Luz, experiência próxima da morte. A libertação de ketamina na hora da morte é um mecanismo de emergência, genéticamente programado para nos ajudar a ultrapassar o pior momento da vida.
Mutilar-se, provocar dor em si mesmo ou mudar o corpo através de uma intervenção dolorosa sempre se fez. Hoje, integra uma certa modernidade, em que o piercing na língua, nos genitais, ou a língua bífida: partir a língua em duas, ou seja, a língua de serpente como atractivo erótico.
O mesmo acontece com as escarificações: o aspecto de uma área de pele viva, revela o verdadeiro interior de uma pessoa. Entra a bioquímica, que faz libertar naturalmente endorfinas para atenuar a dor.
Vive-se num mundo à parte, em que física e psicológicamente estão preparadas para começar a delirar, e afasta-se do pensamento racional. O lado obscuro nunca desaparecerá. Mudam-se as imagens, permanecem as narrativas, o fundo será sempre o mesmo: abertura a novas experiências.
Teremos necessidade do obscuro?
Talvez seja esse o risco: apenas encontrar a escuridão.

Lumenamena.

SELO: ESTE BLOG É D+


Recebi e agradeço este selo dos amigos RENER BRITO do blog

Muito obrigada, pela dedicação e lembrança.
A regra é repassá-lo a 2 Blogs e responder à seguinte pergunta:

"O que seria necessário fazer ou mudar, para vivermos num mundo melhor?"

Resposta: fortalecer os elos e mover consciências
Repasso para: 1. http://koyaanisqatsi-cb.blogspot.com/
Lumenamena

31.10.09

A Matemática da Vida


A Força Faz a União

Os matemáticos deixaram de ser românticos. Será possível?
Eles tornaram-se muito prosaicos. Para muitos de nós, os números não são mais do que uma ferramenta, e não sabemos bem a razão por que é bom que a transmitamos aos mais jovens. Mas houve um tempo, quando nasceu a própria matemática tal como hoje a conhecemos, há mais de 25 séculos, em que tudo era diferente. Para os pitagóricos, o pensamento matemático era a escala que levava à compreensão do universo, ao conhecimento das raízes e das fontes da Natureza.
Será verdade que tudo pode ser explicado com números?
Existe alguma maneira de reduzir a equações o comportamento das aves migratórias, o crescimento de uma duna na praia, a propagação de um vírus ou o tempo que as feridas demoram a cicatrizar?
Por que se transmitem os vírus?
O que aconteceria se a força da gravidade fosse maior?
Recentemente alguns especialistas idealizaram uma teoria que pode revolucionar a forma como interpretamos a realidade, a qual parece poder ser aplicada a tudo o que nos rodeia e que se dá pelo nome tão pouco romântico como “cálculo da escala de tempo”, ou seja, a possibilidade de estabelecer de modo relativamente estável curvas que forneçam uma explicação para fenómenos complexos. Especialistas consideram que esta nova tendência surgida no mundo das matemáticas abre portas para elaborar projectos sobre fenómenos dinâmicos complexos.
Estou convencida de que este ramo da matemática poderá mesmo contribuir para erradicar doenças, pois os números estão mesmo no coração de tudo. Até no nosso coração…
No fim de contas, parece que a matemática ainda pode ter esperança de recuperar o romantismo supostamente perdido.
Lumenamena

18.10.09

Apresentação do Livro


"As palavras são de água"
do autor: Eduardo Aleixo

No próximo dia 24 de Outubro, sábado, pelas 17h30 na Livraria-Bar Les Enfants Terribles, no Cinema KING, será realizada a apresentação do livro "As palavras são de água", da autoria de Eduardo Aleixo.

Morada: Cinema KING, Av. Frei Miguel Contreiras, 52A (junto à Av. de Roma), Lisboa.

16.10.09

Desporto


Discriminação das Mulheres no Desporto

A mulher no desporto de competição sofreu um processo de discriminação, que dificultou a sua participação nas mais diversas modalidades.
Temos assim, que ser mulher no meio desportivo tem sido viver à sombra de questões psicossociais e culturais, advindas da dominação masculina, apesar de se estar a alterar nestes tempos, porém, trazendo consequências práticas no quotidiano das atletas.
É facto, portanto, que as “mulheres-atletas” não recebem o mesmo tratamento que os seus colegas, junto dos “mídia”, pois criou-se um padrão em que as conquistas masculinas são mais valorizadas do que as femininas pela televisão, jornais e os meios de comunicação como um todo. Mas não podemos esquecer que a mídia, muitas vezes, utiliza as atletas femininas através de matérias com apelo sexual ou estético, em vez de priorizar as questões de performance.
Dessas mesmas diferenças aos mais variados níveis, era o facto de as mulheres terem mais resistência fisica, isto claro em atletas de topo, e isso ficou provado numa das provas de natação mais duras do mundo, que consiste em nadar à volta da ilha de Manhattan, onde a resistência é fundamental, pois trata-se de estar dentro de água bastante fria durante 8 ou 9 horas. A primeira classificada foi uma mulher e deixou o segundo classificado, um homem, a qualquer coisa como 20 ou 30 minutos de distância. Esta senhora já tinha feito a travessia do canal da mancha, com o seu irmão, e por simplesmente o irmão não chegou ao fim, mas ela sim.
Temos, em definitivo, de entender que a mulher dos nossos dias já se libertou de muitos estigmas e tabus que a inferiorizavam, pelo que a sua participação na vida pública, nas comunidades, deva ser igual à dos homens, sem haver necessidade de leis que o imponham. Com efeito, a mulher de hoje está onde o homem está, no mundo académico, na magistratura, na advocacia, na medicina, no ensino, na investigação, na cultura, na ciência, nas artes, no desporto e também na vida política.
Não nos devemos contentar em ficar-mo-nos por um “Dia Internacional” mas sim continuar a lutar por um espaço libertador. A mídia de massas não fez as mudanças que deveria, porém, continua atada a estereótipos. Não vêem a mulher a não ser com papéis muito específicos, como de vítima ou de malvada.
Mulheres com níveis naturais elevados de androgénios têm uma vantagem. É uma vantagem injusta?
Alguns homens têm naturalmente níveis mais altos de androgénios que outros. É isto injusto? Então onde traçar a linha entre homens e mulheres?
Eu não sei. O facto é que o sexo é uma confusão.
Que medidas estão a ser tomadas para assegurar a igualdade de acesso de mulheres à prática desportiva a todos os níveis e em todas as etapas da vida, independentemente do meio social?

Um exemplo: Se um atleta provar que é diabético e precisa de insulina, que é uma substância proibida no desporto, a IAAF aprova o uso. Do mesmo modo, uma atleta com o gene SRY tem uma condição médica. Tem direito ao tratamento, mais do que direito, neste tipo de casos está-se perante uma obrigação de tratamento, para poder continuar a competir.
Façamos valer os nossos direitos, de forma séria e assumida e lutemos por eles, pois é lógico que numa sociedade moderna e desenvolvida, que esse tipo de comportamentos não podem ter lugar.
Mas acho que se está a melhorar, também cada vez somos mais, há mais material, há mulheres a competir e obtêr excelentes classificações na tabela geral, por isso, pode ser que as coisas melhorem...
Lumenamena

14.10.09

PREMIAÇÃO DE BLOGS

BLOG INSTIGANTE - Selo de Reconhecimento


Esta premiação foi criada pelos blogs Osho-br e Koyanisqatsi.

O selo de reconhecimento Blog Instigante premia os blogs que, além da assiduidade das postagens e do esmero com que são feitos, provoca-nos a necessidade de reflectir, questionar, aprender e – sobretudo – que instigam almas e mentes à procura de conhecimento e sabedoria.

Escolhi abaixo os 8 mais instigantes, de acordo com meu modo de ver e sentir.
São eles:

Pyr-Hermetica

Macrocosmos

A Flor do Sul

Espaço das Artes

Pensamento... Ideais

Edson Carmo

Via da Libertação

O Observador da Revolução

Os blogs agraciados escolherão – cada um – 8 blogs com as características acima descritas e deverão copiar a imagem do selo e o texto acima, adicionando-a ao espaço que convier.

Agradeço aos blogs Osho-br e Koyanisqatsi, premiarem o blog Amoralya, com o distinto Selo de Reconhecimento.

Grata a todos,
Lumena

12.10.09

Onda Divina


A religião é tão antiga como o ser humano e envolve o que nós temos de mais emocional, mas ainda não tem uma explicação concreta.

Se é complicado definir o que significa o cristrianismo, definir religião é ainda mais complicado. Talvez muitos estejam de acordo com esta definição de dicionário: "Culto prestado à divindade através de um conjunto de dogmas, preceitos, práticas e rituais pelos quais se manifesta essa crença." Porém, à partida, o budismo, o jainismo, o taoísmo, o confucionismo e algumas formas de hinduísmo, onde não existe uma divindade personalizada, mas uma realidade impessoal. Foram muitas as tentativas para encontrar uma definição válida e aceitável, mas não tiveram grande êxito.
Tantos fracassos levaram alguns especialistas a considerar que o conceito de religião constitui uma criação académica. Outros, interrogam-se se será realmente preciso que tenha limites precisos, incluindo no campo do religioso o marxismo, o nacionalismo (que possui o conceito sagrado de pátria), a psicoterapia, os desportos (extremamente ritualizados), os centros comerciais (locais de devoção da sociedade consumista), ou a bolsa de valores.
A existência do mal, de modo geral, faz-nos reflectir, preocupam-nos mais as calamidades particulares. Um exemplo: Um dia, o telhado de uma casa, desabou sobre uma pessoa e a população da povoação, relacionaram rapidamente o incidente com um caso de bruxaria. O que estava em causa eram as térmites que tinham sido as verdadeiras responsáveis, ao devorar a madeira da cabana de adobe. Um dos habitantes disse que já sabia disso, mas que gostaria de ver explicado era o motivo pelo qual o telhado desabara no preciso momento em que o pobre homem estava sentado lá dentro, e não um pouco antes ou um minuto depois. A fé poderá mover montanhas, mas resiste muito pouco às desgraças pessoais.
Claro que todas as religiões que prometem a salvação das almas aos seus fiéis têm de garantir, primeiro, a imortalidade, apesar de nós, seres humanos, não sejamos imortais. Então, para que serve Deus?
O crente tem de ter fé: É possível haver religião sem ela?
A maior parte das pessoas não está interessada em saber o que nos fez seguir uma doutrina religiosa. Herdamos, simplesmente, as nossa crenças, frequentemente contraditórias, de pais, familiares e amigos. Precisamos de crêr e não sabemos por que motivo. A única coisa certa é que não podemos, ou não queremos, explicar o "salto da fé". É tão difícil de entender como, para a Ciência, compreender a essência de um fotão.
Lumenamena

6.10.09

Para Que Serve a Ambição?


Determinação, confiança e vontade de vencer.

Será a ambição um produto da cultura, ou estará apenas no ADN de alguns?
Donde virá a determinação que conduz ao êxito?
O que incentiva o desejo de chegar o mais alto possível no âmbito profissional?
Por que razão algumas pessoas persistem sempre e continuam a ultrapassar limites, embora já tenham praticamente alcançado o topo?
Será o prestígio social um dos estímulos que alimentam esse sentimento?
Terá a competição a ver com a herança genética de cada pessoa?

A verdade é que nem todos manifestam o mesmo espírito de concorrência. Alguns consideram que se trata de um desejo legítimo de progressão. Para outros, não passa de um sentimento pouco saudável e que deveria ser refreado.
A origem poderá residir numa infância traumática. Alguns especialistas sugerem que as causas poderão ser genéticas ou culturais; outros acreditam que os factores determinantes são os psicólogos, familiares e sócio-económicos. Poderá um trauma infantil desencadear, de forma inconsciente, a ambição. Outros especialistas acreditam que a ambição está vinculada à noção do "eu", um desejo intenso e profundo que exerce pressão sobre o indivíduo para que tenha êxito. Parece evidente que tanto os factores mentais como familiares são importantes na configuração do carácter de uma criança ambiciosa.
Parece lógico também pensar que a preocupação com o êxito tem raízes no processo evolutivo das espécies. Muitos animais estabelecem hierarquias mal nascem. As crias dos lobos já se dividem em duas categorias, designadas por "alfa" (superiores) e "beta" (inferiores). Os alfa ocupam sempre os melhores lugares para mamar; a posição dominante leva a que se tornem mais fortes e irá conduzi-los à liderança. Os beta, pelo contrário, quase não têm crias e morrem antes dos alfa.
Se aceitarmos que a ambição é produto da evolução, compreenderemos por que motivo existem pessoas que nascem com a ideia de conquistar o mundo, e outras que deixam simplesmente passar as oportunidades. Por vezes, no entanto,essa determinação não é de origem psicológica mas social, pois ser ambicioso poderá ser, consoante o ambiente cultural ou religioso em que se cresce.
Por exemplo, segundo a lei do Dharma, os hindus não devem procurar melhorar a sua condição social ou económicas, mas viver de acordo com o destino, submetendo-se à ordem universal.
Há uma frase de Cristo que define a posição do catolicismo em relação à ambição: "Bem-aventurados os últimos, pois serão os primeiros". Assim, a Igreja católica diz aos fiéis que não devem alimentar o desejo de acumular bens materiais.
A ambição não é necessariamente algo de mau, pois, de facto, corresponde muitas vezes a um louvável desejo de prosperar ou o anseio de querer melhorar de nível de vida. O lado negativo, verifica-se quando se reduz a própria existência destinada a alcançar, a qualquer preço o poder, a fama ou a riqueza.
Lumenamena

28.9.09

Um Impulso Irresistível



Ser um pouco impulsivo não faz mal a quem pretende ter êxito na vida. Mas há uma impulsividade patológica que pode levar-nos ao inferno.

Sou muito impaciente, gosto de actividades, em que o risco é palpável, não suporto o tédio e, para não cair nas suas malhas, procuro insistentemente sensações novas e excitantes. Além disso, tenho uma mente inquieta que me induz a tomar decisões rápidas, pouco pensadas e sem pesar as consequências para mim e para os que me rodeiam. Procuro que as minhas acções tenham sempre uma recompensa imediata. Não me considero uma pessoa perseverante, tenho mudanças de humor e, frequentemente reajo com agressividade.

Se o leitor se vê reflectido nesta descrição, é seguramente uma pessoa com carácter ou com um estilo de vida impulsivo.
Normalmente a impulsividade tende a ser considerada uma característica negativa e, esquecemo-nos que ela desempenha um papel importante no comportamento normal das pessoas.
O homem é impulsivo por natureza, de certa forma, tem a impulsividade impressa na sua herança genética. Na actual sociedade competitiva, estes valores estão mais vigentes do que nunca. A imagem do executivo agressivo, capaz de tomar decisões com rapidez, constitui uma garantia de êxito, sempre que essa conduta represente opções vantajosas para o negócio. E as pessoas que se deixam levar com habilidade pelos seus impulsos e intuições, aparentemente de modo irreflectido, são admiradas socialmente. A impaciência, o gosto pelo risco, a preferência por recompensas imediatas, a diminuição da capacidade de análise das consequências de uma acção, a procura de prazer e a agressividade traçam o perfil do comportamento impulsivo.
O aumento dos comportamentos impulsivos na sociedade ocidental tornou-se um dos problemas sociais mais alarmantes, já que surgem associados a condutas violentas ou anti-sociais. As pessoas afectadas pelas perturbações puras da impulsividade, manifestam episódios sucessivos de agressividade verbal e física desproporcional aos acontecimentos que os desencadearam.

Sendo assim, porque será que perdemos o domínio sobre os nossos actos e pensamentos?
Que papel desempenha o cérebro?
O impulsivo nasce ou faz-se?
Lumenamena

18.9.09

Sexo Tântrico



Nascido na Índia Medieval, o Tantrismo é praticado a partir do século IV, é um ensinamento que tem vindo a ser passado de geração em geração. O Tantrismo é uma arte, uma filosofia de vida, que não pode ser adoptada de um momento para o outro e, depois, porque o sexo tântrico não é tão simples como se possa pensar. Requer tempo, aprendizagem e conhecimentos!
Não se trata apenas da união de dois corpos que se fundem no acto sexual, mas também a fusão entre as duas forças do mundo: o homem e a mulher, num sentido espiritual e sexual. Essas forças (energia), estão em todo o nosso corpo, fluindo por todos os locais energéticos que possuimos. A nuca, os órgãos genitais, a coluna, a testa e o estômago são os centros energéticos do corpo ou, em linguagem mais correcta, os chakras, pontos concentrados de energia.
Não pode haver pressa nenhuma em se chegar ao orgasmo. E quanto mais ele demorar a acontecer, melhor será. Parte-se do princípio de que toda a energia retida, quando libertada, surge sob forma de uma explosão. Na verdade o casal parece perder a noção de tempo enquanto realiza o sexo tântrico. Portanto, se os dois têm compromissos, têm hora marcada para outras coisas, então é melhor deixar a prática para uma ocasião mais apropriada.
Em média, uma relação sexual dura em torno de 15 minutos, no sexo tântrico ela dura no mínimo duas horas. Caso haja ejaculação em menos de uma hora, acaba por se considerar ejaculação precoce.
O sexo tântrico inicia-se com troca de palavras afectuosas, trocas de carinho e de contemplação simultânea de ambas as partes. Não existe egoísmo, não existem atitudes agressivas e violentas.
Os Níveis da Relação Sexual
O primeiro nível - a mente
Quando uma pessoa deseja outra e visualiza um acto de amor com ela, já começa a desencadear forças que têm valor tântrico. Como tudo o que ocorre no plano objectivo é uma cristalização do que foi anteriormente plasmado no plano subjectivo, o facto de se mentalizar uma aproximação com alguém, tenderá a tornar esse desejo uma realidade.
Não obstante essa prática contribuir para a realização do que foi visualizado, jamais poderá actuar contra a vontade de quem quer que seja. Se a sua mentalização encontra um campo favorável, ou até mesmo neutro, realizar-se-á.
O segundo nível - o olhar
O olhar tem um poder extraordinário de estabelecer ligação profunda entre as pessoas, de gerar amor e de desencadear excitação sexual. É um recurso que, em público, em menos de um segundo, sem que ninguém em torno perceba nada, pode estabelecer vínculos definitivos entre duas pessoas.
Durante um simples beijo ou durante um contacto sexual de último grau, o uso do olhar pode super-dimensionar as sensações, amplificando-as dezenas de vezes. As pessoas que beijam ou fazem amor de olhos fechados estão a perder um upgrade precioso, capaz de lhe abrir canais jamais experimentados de envolvimento e de prazer.
Um iniciado tântrico, que tenha desenvolvido o siddhi do olhar, pode produzir excitação sexual numa pessoa sem tocá-la, sem lhe dirigir a palavra, simplesmente penetrando a pessoa com o olhar. Conhecem-se muitos casos de orgasmo desencadeado sòmente com o efeito olho-no-olho durante algum tempo. Nisso se baseia o exercício tântrico denominado drishti, em que os parceiros não precisam se tocar para produzir eclosões energéticas inimagináveis.
É importante frisar que neste como nos demais níveis, o catalisador é a reciprocidade. Portanto, os efeitos acima só ocorrem quando as duas pessoas manifestam o factor intenção. Sòmente havendo intenção de ambas as partes, o fenômeno tem lugar. Assim sendo, se alguém com o olhar lhe desencadear excitação, nem cogite em acusá-lo de invasão de privacidade, de manipulação mental, ou de hipnose. Nada de hipocrisia! Se mexeu com os seus hormônios, com a sua respiração, com os seus batimentos cardíacos, terá sido por lhe ter proporcionado um catalisador: a sua reciprocidade.
O terceiro nível - a palavra
Falar, olhar ou tocar, podem ser manifestados em modulações que vão desde a assexuada até aquelas que deflagram a chama do desejo, ou que podem inibir e desligar qualquer estímulo.
O tom da voz, o assunto e o vocabulário escolhido podem produzir efeitos incalculáveis. Durante um contacto sexual a palavra é fundamental.
Uma palavra de amor pode detonar instantâneamente o explosivo da sexualidade. Um diálogo picante pode projectar os amantes aos píncaros da excitabilidade. Falar sobre as suas fantasias pode hipervalorizar a sua cumplicidade, e mover os sectores mais subconscientes do casal, onde se localiza a liberação dos instintos.
O quarto nível - o toque
O toque pode ser estimulante ou desestimulante. Pode ser carinhoso ou grosseiro. Pode ser, mais simplesmente, um toque neutro. Quase sempre, as pessoas tocam seus parceiros sexuais de maneira inadequada. Não se detêm em considerar que nesse momento especial estão com o poder de transformar a vida de um outro ser humano e a sua própria, dependendo de como olhem, como modulem a voz, o que digam, como toquem.
O toque é uma arte que precisa de ser desenvolvida, tocar é sagrado. É o momento em que os campos eléctricos do seu corpo se conectam com os de um outro corpo. Ocorrem trocas energéticas que sempre influenciam a saúde, o equilíbrio, a felicidade, o karma.
O Beijar já é fazer amor. Tocar com seus lábios suavemente os lábios de alguém, permitir que suas texturas, temperaturas, perfumes sejam compartilhados e usufruídos, constitui uma oferenda e uma concessão que você proporciona a um número muito limitado de privilegiados.
O quinto nível - o beijo
A mucosa da boca é muito semelhante à mucosa dos órgãos genitais. Os condimentos que excitam a boca excitam a sexualidade. Quase todos os adultos ao se beijarem ficam sexualmente estimulados: homens têm ereção, mulheres ficam húmidas.
Há pessoas que conseguem nos marcar para o resto da vida com apenas um toque nos lábios. Quantas pessoas cativaram para sempre um parceiro ou parceira apenas com um beijo! Já imaginaram ou cometeram uma relação sexual sem beijo? O ser humano é o único animal que copula beijando-se. É uma característica da evolução.
Não é qualquer beijo que produz as mais sublimes sensações. Experimente beijar com mais suavidade. Explore mais os lábios. Pesquise a temperatura do cantinho da boca. Deslize seus lábios sobre os do parceiro ou parceira. Alterne a pressão durante um mesmo beijo. Toque carinhosamente a pontinha da língua no lábio inferior do parceiro. Exerça uma carinhosa sucção. No Tantra Branco, trata-se do parceiro com muito amor, suavidade e carinho. Mas, acima de tudo, sinta profundamente e deixe que seu Shakta ou sua Shaktí perceba o quão profundamente isso é importante. Explore o poder catalisador da reciprocidade.
O sexto nível - carícia corporal
Cada pessoa sente mais prazer em determinadas áreas e com diferentes formas de toque ou de pressão. Informar não significa forçosamente falar. Pode informar com uma respiração mais profunda, um sorriso ou um gemido de prazer cada vez que o outro acertar. Mas se demorar para encontrar a sua forma ideal de carícia, segure-o e conduza com o toque a fim de que entenda o que deseja.
As mulheres geralmente machucam, sem querer, os testículos e a glande do parceiro. Os homens geralmente machucam o clitóris e os mamilos da parceira. Portanto, a regra é a carícia delicada.
Se a mulher gosta de uma erecção gloriosa não deve pressionar a glande, pois isso bombeia o sangue para fora do pênis. Para intensificar a rigidez do órgão masculino um dos recursos mais eficientes consiste em apertar a base do pênis e puxar o sangue para a ponta.
O sétimo nível - o coito
O contacto sexual tântrico não deve ser realizado com pressa. Se não há tempo, deixe para uma ocasião mais apropriada. Não tenha por objectivo o orgasmo e sim o prolongamento do prazer por algumas horas.
Tome um banho antes da sua prática de maithuna, friccionando os chakras, utilizando uma gota de Carezza sobre o swaddhisthana, uma sobre o anáhata e outra sobre o ájña chakra. Quando friccionar este último, tome cuidado para não deixar a essência escorrer para os olhos.
Durante a prática do drishti, inicie a experiência do tacto. Primeiramente, das mãos do parceiro, depois do rosto, cabelos, peito, ventre. Essa etapa preliminar pode durar o tempo que o casal achar por bem. Quanto mais prolongada, melhor.
Quando surgir o impulso natural para a comunhão dos corpos, o par pode escolher qualquer posição sentada ou deitada, desde que a mulher fique por cima. A explicação filosófica dessa preferência é a de que a parceira tântrica representa a Shaktí, a deusa que constitui a energia de Shiva. Ele, o Shákta, adorador da Shaktí, fica por baixo. Na verdade, essa alegoria esconde uma razão de ordem prática: é que a mulher por cima torna-se mais livre e participante. Não é possuída, mas possui. E como comanda os movimentos pode ir buscar um melhor coeficiente de atrito nas zonas em que tiver mais sensibilidade.
Quando terminar esta linda experiência, os parceiros devem praticar meditação frente a frente e, depois, outro banho. Esse exercício aumenta muito a potência sexual do homem e a libido da mulher. Os dois devem estar alertados para saber lidar com isso.
Tomem uma refeição leve, com afrodisíacos, usem óleos aromáticos, e excluam posições nas quais a mulher se possa cansar.
Lumenamena

14.9.09

Lo Yoga della Potenza


Lo Yoga della Potenza (O Ioga da Potência), traduzido em francês, anos mais tarde, Yoga tantrique.
Um dos erros irreparáveis do Ocidente foi provávelmente o de conceptualizar a complexa substância humana sob a forma da antítese alma-corpo, só conseguindo sair dessa antítese, negando a alma. Um outro erro, e que continua a agravar-se, consiste em só conceber um trabalho de aperfeiçoamento ou de libertação interiores em função do desenvolvimento do indivíduo ou da pessoa, e não do apagamento destas duas noções em favor da, de Ser, ou do que vai mais além do que o Ser.
Ao contrário do que se passa com o zen, em que o despertar corresponde a um choque sentido como súbito, se bem que preparado por uma espera mais ou menos longa, o despertar tântrico é progressivo e procede de incessantes disciplinas. Trata-se de atingir um máximo de atenção, ela própria impossível sem um máximo de serenidade: uma superfície agitada não reflecte.
A complexa casuística de causas e efeitos, são de uma tal importância, não só para a vida espiritual mas para a utilização de todas as faculdades, que julgo não haver condição humana que elas não possam melhorar, quer se trate do homem de acção, quer do escritor, quer simplesmente do homem entregue à vida. As pessoas que sabem pouco do tantrismo conhecem-lhe em geral mais o seu lado erótico.
As práticas eróticas do tantrismo não tendem, como as do Tao, a asseguar vigor e longevidade, e não representam também, como as do Kama-Sutra, uma higiene do prazer, elas tendem sobretudo para a sacralização da união carnal, que o Ocidente nunca conheceu nem quis aceitar. Trata-se, por uma série de interditos e libertações sucessivas. A lenta e gradual familiaridade atingida pelos meios do olhar, da voz, do tacto, e finalmente da coabitação física.
Quem tenha ouvido enunciar um mantra sânscrito sabe a que ponto este se espalha sobre a multidão como ondas concêntricas, encerrando, num mistério de som. O mesmo se passava antigamente na igreja com as orações em latim, ou seja, agindo assim: ex opere operato.
O método tântrico é psicológico e não ético: trata-se de captar forças e não de adquirir virtudes.
Há vários níveis, alguns tão discretos que podem ser praticados em qualquer lugar, sem agredir os costumes vigentes.
No próximo artigo, publicarei os vários níveis na prática do sexo tântrico.
(Continua...)
Lumenamena

8.9.09

Macho Ibérico ou Ubersexual?

O mundo muda. O homem também. O novo homem, mais sensível e com um toque feminino, pretende enterrar de vez o machismo.
O homem a (espécie masculina) talvez não corra perigo, mas o modelo mais recalcitrante (o do macho latino) tem, seguramente, os dias contados. Com efeito a perda de poder permitiu a muitos homens heterossexuais (os homossexuais travam outras guerras), libertar-se da pesada carga machista que os obrigava, há séculos, a assumir as máscaras supostamente características da identidade masculina, como aparentar segurança, ocultar os sentimentos ou fingir desinteresse por coisas "femininas" como a moda.
A verdade é que hoje a virilidade está em plena mutação. Já não existe uma masculinidade hegemónica ou homogénea, mas muitas versões. Esses novos seres, que, embora sexualmente atraídos pelas mulheres e adeptos de futebol, querem usufruir da paternidade, partilhar as tarefas domésticas, tratar da pele ou mesmo ir voluntáriamente às compras, sem serem apelidados de "maricas". Assim, do universo metrossexual passámos para a era dos ubersexuais: um novo tipo de homem, simultâneamente sensível e viril.
Claro que nem tudo é côr-de-rosa. O machismo é ainda ostensivo e prevalece em muitos aspectos da sociedade, mas a verdade é que os homens estão a mudar, não tanto como as mulheres desejariam mas, sem dúvida, muito se os compararmos com os de há duas gerações.

Dez características da nova virilidade:

1 - 90% dos homens acompanham de perto a gravidez das mulheres e assistem às ecografias e ao parto. Além disso, 57% tratam dos filhos. Já não há forma única de ser pai, pois existe uma diversidades criadas (famílias com filhos de anteriores relações, a figura do padrasto, a paternidade dos homossexuais...). Ser pai representa, actualmente, uma escolha, um compromisso.
2 - Muitos já conseguem falar de si próprios, tal como as mulheres sempre fizeram. Há muitas masculinidades distintas; o modelo mediterrânico vive numa sociedade, em que o suporte económico é o homem. Muitos ainda pretendem manter a ilusão de que a "arena pública" lhes pertence. Em muitos homens, verifica-se um desfasamento entre a forma como aprendem a pensar em si mesmos e a mostrar-se aos outros e o modo como, realmente, se sentem por dentro.
3 - O mercado da cosmética masculina e da cirurgia estética duplicou nos últimos cinco anos, já representam um quarto do mercado.
Estamos como já referi, na era dos ubersexuais, termo que deriva do alemão uber, que sgnifica "sobre" ou "por cima". Não se aplica a um indivíduo com muita prática sexual. Dito de outra forma, um ubersexual seria um metrossexual, que embora se preocupe com o aspecto físico, não teme mostrar características "viris", como confiança, força e elegância.
4 - Quanto mais jovens forem os homens, mais pretendem dispôr de tempo livre para se dedicarem a si próprios. Alguns chegam mesmo a subalternizar a carreira profissinal em função desse critério.
5 - Cinco em cada dez mulheres que trabalham fora de casa e vivem com um parceiro continuam a fazer tudo sozinhas. Apenas um em cada dez homens cuida sozinho da casa, e três em cada dez partilham o trabalho com a mulher.
6 - A maior parte dos homens adora as compras "extravagantes" e deixa-se seduzir pelas prateleiras dos vinhos, conservas e delicatessen com maior facilidade do que as mulheres. obrigadas a ser mais práticas, pois continuam maioritáriamente responsáveis pelo governo da casa e pela economia familiar.
7 - São cada vez mais os que sabem cozinhar: um quinto fá-lo, a maioria proveniente da classe média-alta e dos meios urbanos. Além disso o interesse masculino pela culinária é fundamentalmente de carácter festivo e reduz-se aos fins-de-semana.
8 - Embora, por um lado, o consumo de pornografia e cibersexo, entre os homens tenha crescido, também aumentou o respeito que muitos sentem pelas companheiras, sobretudo por parte dos mais jovens, educados num ambiente de maior liberdade. O velho esquema hipócrita de uma vida "dupla", com a mulher e mãe dos filhos de um lado e as amantes do outro, não condiz com os ubersexuais.
9 - Dois terços dos homens e quatro em cada cinco mulheres acham que os homossexuais têm o direito de casar. Porém, a cultura gay libertou emocionalmente muitos heterossexuais e ajudou-os a entender-se a si próprios e a exprimir-se.
10 - O ubersexual interessa-se pela poesia, jazz, viagens, yoga e espiritualidade, entre outras manifestações culturais.
Lumenamena