30.4.09

Existo, Logo Penso

Se não existisse não pensaria, numa óptica diferente de "Penso, logo existo", onde a consciência determina o ser।

Descartes alcança após duvidar da sua própria existência, mas comprova ao ver que pode pensar, deve de alguma forma existir.

Será?

Será que o acto de pensar está relacionado com a existência da raça humana?
Será um engano?
Ou não é pensando que somos, mas sendo que pensamos!
Para quê tudo negar que não tivesse comprovação racional, para depois termos uma ideia de Deus, exterior ao Homem, para sustentar o conhecimento?!
Lumenamena

14 comentários:

Diogo Rugeiro disse...

Nos temos os mesmos "automatismos" que outros animais... Cães podem ser considerados ser pensantes, já que conseguem efectuar decisões por exclusão de partes... Portanto... Resumidamente... intelegencia arteficial sempre existiu :P LOL

Diogo Rugeiro disse...

Exemplo: Peçam a alguem para fazer algo por voces, como deixar-vos passar na fila do hipermercado ou assim... A palavra "porque", sozinha, é mais poderosa do que o argumento que se possa apresentar... é um "trigger", tal como tantos outros que há por ai...
Já agora, eu experimentei... e é engraçado:
"Desculpe, importa-se que eu passe a frente, porque sim"... LOL XD ( resultou - mas tambem pode ser pela minha carinha laroca :P )

Lumenamena disse...

LOL :)

Richard Hermeticum disse...

O grande erro de Decartes foi atribuir a nossa identidade à (nossa) mente. Nós não somos a nossa mente, porque se fossemos, então quem era aquela presença insonora que escuta os pensamentos?
Não me refiro a uma divisão/fragmentação do ego (ou mente) que julgue os nossos próprios pensamentos. Refiro-me àquela presença que, sem pensar, sabe sempre o que fazer. Refiro-me à consciência que toma consciência de si mesma.
A mente é um passo importante na evolução, mas não passa de um mero raio de um Sol muito maior.

Richard Hermeticum disse...

"Nos temos os mesmos "automatismos" que outros animais..."
Que tu tenhas todos os "automatismos" dos outros animais, não é própriamente uma novidade; novidade seria se tu dissesses que os outros animais têm todos os teus "automatismos".
E ver a coisa pelo lado dos "automatismos" é reduzir um ser humano a um macaco; mas sim, infelizmente uma parte significativa ainda é pouco mais do que isso.

Nehashim disse...

:) hermeticum no seu melhor.

Relativamente ao post, concordo contigo hermeticum (como vês não estou sempre no contra) Descartes limita a natureza humana.

Disse Jorge Angel Livraga, um grande filosofo actual indo de encontro aos ensinamentos dos grandes filósofos clássicos.
“A inteligência não é o intelecto, porque o intelecto trabalha com o pensamento; a inteligência também não é razão, pois a razão relaciona os pensamentos. Mas a razão (com a sua ferramenta do pensamento) procura os meios para chegar à inteligência através do intelecto. Quer dizer que, sem ser nenhuma das duas coisas, a inteligência pode utilizar o intelecto e a razão. No entanto, nem toda a razão conduz à inteligência.

Vivemos, por falta de evolução, na etapa da razão e não da inteligência. Vimos que a razão, habilmente conduzida, pode chegar à inteligência. Mas nem toda a razão conduz à inteligência. Infelizmente a razão que hoje impera, afasta-nos mais do que nos conduz à meta requerida. A inteligência é atemporal (filha de Uranos) e a razão é temporal (filha de Cronos)”


Continuando:

Diz a Tradição que a máxima redução que podemos fazer, logo que podemos idealizar de qualquer coisa é tripla, isto é: Ser; não ser; e a relação entre ambos. Se o Ser é, impreterivelmente o é hoje, como o será amanhã como daqui a 1 milhão de anos, portanto é fácil compreender que aquilo que compreendemos como existência, e que a filosofia oriental chama de ilusão, é isso mesmo uma ilusão porque é perecível, portanto, não somos aquilo que vemos ao espelho, porque amanhã basta um cabelo crescer para sermos diferentes do hoje. Se hoje pensamos que estamos com fome, amanhã saciamos a fome como podemos ser o que pensamos? Agora, sim, a nossa personalidade é aquilo que pensamos, mas não a nossa individualidade.

Deus exterior ao Homem???
Uma moda de há dois mil anos no ocidente, pode ser que mude um dia.

Pink Poison disse...

Pensar é algo que exige conhecimento e "instrumentos" para pensar. Existimos, numa qualquer dimensão que nos permite pensar. Mas, na minha opinião, pensar não é sinónimo de existência mas existência pode implicar algum pensamento.

Lumenamena disse...

Hermeticum - Sim, o erro de Descartes foi precisamente ter atribuído a nossa identidade à (nossa) mente. Como sabes, a mente é todo um estado da nossa consciência ou subconsciência, relativo ao conjunto de pensamentos gerados pelo cérebro. A consciência não é nada em si mesma, busca o ser, ou seja é sempre alguma coisa, é inconsciência essa presença insonora que escuta os pensamentos.
Se Descartes estivesse a falar de uma utopia a frase faria AINDA menor sentido. O erro da frase: "Penso, logo existo",Descartes quis afirmar que podemos provar nossa própria existência através do pensamento. Descartes assegura-nos ter encontrado, no fundo, a certeza da dúvida, sendo a dúvida um pensamento e, no instante em que penso, não posso duvidar de que a penso. Ele é estranhamente evasivo quanto ao estado da dúvida e, na verdade ele não e DESCREVE, AFIRMA-O apenas!

Proponho-te um desafio: no artigo está uma frase que identifica o "Existo, Logo Penso", desifra-a!

Azoht - Houve uma falha de pontuação, e subentende-se! a existência de uma comprovação racional em Descartes.
O grande disparate, como exemplo, é o da criação, onde Deus sustenta o conhecimento.
É uma moda que um dia vai acabar, nem tenhas dúvidas!

Pink poison - Concordo contigo quando dizes que a "existência pode implicar algum pensamento".
A existência implica sempre um pensamento! Pelo facto de existirmos, na essência do ser, implica todo o raciocício à mente, à consciência.

Agradecidamente a todos os participantes deste pequeno debate, sobre um artigo que ainda daria mais "pano para mangas".

Obrigada a todos!

Pink Poison disse...

Ontem estive a pensar nesta questão e penso o seguinte: os primeiros filósofos, da Grécia Antiga, determinar a Filosofia como uma arte de pensar os problemas da sociedade. Foi, dentro destes moldes que a filosofia se foi moldando à sociedade e, com retóricas impressionantes, afirma-se como uma ciência que faz parte do Círculo das Ciências Piaget, que, basicamente, consiste em mostrar-nos que umaciência depende outras para as suas teorias serem passíveis de serem comprovadas. "Penso, logo, existo", quanto a mim, é infirmar a filosofia enquanto ciência.

rogerio franco disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Lumenamena disse...

"Quando tomarei consciência de que penso? É aqui que partem todas as diferenças existentes entre o homem e o animal. O homem foi tomando consciência das suas relações com a natureza e, com os outros seres humanos. Através da ligação com outros seres humanos, tomou cada vez mais consciência da sua relação consigo próprio e com a sua própria actividade.
Passamos a tomar consciência que pensamos através da linguagem que, foi um novo estímulo para o desenvolvimento do cérebro humano e da consciência.
Os pensamentos vão-se desencadeando conforme a consciência tem percepção de alguma coisa.

Fausto Sotam disse...

Bela dissertação, será que se deixar de pensar, deixarei de existir? :)

Lumenamena disse...

Fausto- Aqui está uma negação da negação!
A partir do momento em que existes, todos os teus sentimentos (pensamentos), estão presentes.
O pensamento reflecte o ser nas suas conexões e relações, assim como nas suas múltiplas interferências, mas ainda a qualidade e a natureza dos fenómenos.

Abraços!

Edson Carmo disse...

Poderia alguma coisa existir antes da idéia? Tudo que existe – pelomenos no mundo criado pelo homem – vem da idéia. Idéia é algo que se encontra “em meio” aos pensamentos. E para existir o que existe, alguém teve de pensar! Veja, o homem tinha necessidade de se locomover rapidamente, então veio os meios de transportes. Tinha vontade de se comunicar a distância, então veio os meios de comunicação... Assim creio que existo porque alguém pensou – isso não quer dizer que eu também não pense.

Edson Carmo