28.9.09

Um Impulso Irresistível



Ser um pouco impulsivo não faz mal a quem pretende ter êxito na vida. Mas há uma impulsividade patológica que pode levar-nos ao inferno.

Sou muito impaciente, gosto de actividades, em que o risco é palpável, não suporto o tédio e, para não cair nas suas malhas, procuro insistentemente sensações novas e excitantes. Além disso, tenho uma mente inquieta que me induz a tomar decisões rápidas, pouco pensadas e sem pesar as consequências para mim e para os que me rodeiam. Procuro que as minhas acções tenham sempre uma recompensa imediata. Não me considero uma pessoa perseverante, tenho mudanças de humor e, frequentemente reajo com agressividade.

Se o leitor se vê reflectido nesta descrição, é seguramente uma pessoa com carácter ou com um estilo de vida impulsivo.
Normalmente a impulsividade tende a ser considerada uma característica negativa e, esquecemo-nos que ela desempenha um papel importante no comportamento normal das pessoas.
O homem é impulsivo por natureza, de certa forma, tem a impulsividade impressa na sua herança genética. Na actual sociedade competitiva, estes valores estão mais vigentes do que nunca. A imagem do executivo agressivo, capaz de tomar decisões com rapidez, constitui uma garantia de êxito, sempre que essa conduta represente opções vantajosas para o negócio. E as pessoas que se deixam levar com habilidade pelos seus impulsos e intuições, aparentemente de modo irreflectido, são admiradas socialmente. A impaciência, o gosto pelo risco, a preferência por recompensas imediatas, a diminuição da capacidade de análise das consequências de uma acção, a procura de prazer e a agressividade traçam o perfil do comportamento impulsivo.
O aumento dos comportamentos impulsivos na sociedade ocidental tornou-se um dos problemas sociais mais alarmantes, já que surgem associados a condutas violentas ou anti-sociais. As pessoas afectadas pelas perturbações puras da impulsividade, manifestam episódios sucessivos de agressividade verbal e física desproporcional aos acontecimentos que os desencadearam.

Sendo assim, porque será que perdemos o domínio sobre os nossos actos e pensamentos?
Que papel desempenha o cérebro?
O impulsivo nasce ou faz-se?
Lumenamena

15 comentários:

Edson Carmo disse...

A dificuldade é sermos nós mesmos e, deixar as pessoas serem o que elas são. É, diante de seres humanos sempre nos comportamos diferentemente de quando estamos diante do resto da natureza. Se ouvimos um palestrante, sentimo-nos obrigados a concordar com ele ou não. Não sabemos o que é apenas ouvir, olhar, observar. Mas perceba como somos diferentes ao ouvirmos o barulho de uma cachoeira, o canto de um pássaro... Diante dessas coisas quem de nós fica com essa tolice de concordar ou não?!

Edson Carmo

UN VOYAGEUR SANS PLACE disse...

Certamente que os dois. o impulsivo nace e faz-se, e dentro de cada um, a cada dia.
Soltamos o que sentimos, e também o que nos permitem, sempre. Acredito que se alguém é impulsivo, é porque não pode ver claramente o limite. Desse ponto de vista, creio que alguém só pode ser conciderado impulsivo a partir do momento em que se insere numa perspectiva de um segundo.
Continua a postar, hã...
é bom te ler. Adoro a maneira portuguesa de escrever: acto, acção, carácter etc. Aqui no Sul, já não mais escrevemos assim, o que é uma pena, pois perdemos um pouco do charme latino original da língua, creio eu.
Até loguino.

Lumenamena disse...

Edson Carmo,

Certamente que somos todos diferentes, nessa perspectiva, de estarmos perante outras formas de presenciar a Natureza.

Psicólogos e psiquiatras admitem que não existe uma definição da impulsividade que satisfaça todos, embora concedam que sob este conceito está subjacente uma diversidade de condutas que têm a irracionalidade sistemática dos actos.

Um Bem Haja,
Lumena

Edson Carmo disse...

Correto Lumena,

Impaciência, impulso, atividade, tédio, sensação, excitação, inquietude para ter uma recompensa imediata. Tudo isso só existe no homem em relação ao homem.

Edson Carmo

Lumenamena disse...

Abdul Hakim,

A personalidade de um indivíduo deve ser definida, até mesmo pelo conceito, de tal modo, que tenha a mesma forma, desde muito precocemente até à sua morte. O indivíduo faz-se representar por essa personalidade, como uma maneira própria de aprender a realidade e construir o seu conteúdo mental.
É isso mesmo!
Obrigada e volta sempre.

Um Bem Haja,
Lumena

Nehashim disse...

Um bem haja, lumenamena.
Por acaso, o seu signo é de água ou de ar?

Lumenamena disse...

Olá Azoth,

Interessante a sua pergunta, e integra-se nos signos, que regem os elementos Água e Ar.
Ora bem, o meu signo não pertence nem ao elemento Água, nem ao elemento Ar.

Subentendo que relacionou o conteúdo do post, como me vendo a descrever com carácter, ou com estilo de vida impulsiva.
Não foi essa a pretensão.

Repare no seguinte: "Se o leitor se vê reflectido nesta descrição, é..."

A interpretação do texto, está no relacionamento entre a descrição da personalidade impulsiva, (descrita na 1.ª pessoa), e obviamente reflectindo sobre o leitor/a, que se veja nessa descrição.
No final de cada leitura, a pessoa se sentirá ou não, com a definição descrita no post.

Grata pela visita.

Um Bem Haja,
Lumenamena

UN VOYAGEUR SANS PLACE disse...

Vai entender esses portugueses!
Que quer dizer "haja" ?

Ps.: Adoro quando me visitas. És minha comentadora favorita, classe! E penso que deverias escrever mais.
sabes... nunca me dei bem com signo de Virgem, minha mãe era virgem, meu ex também...
Pareces ser a primeira.

Adh2BS disse...

Prezada;
Não entendo essa coisa de signos embora saiba e acredite que somos regidos por forças exteriores (solares, estelares, lunares, terrenas...). Acho que comportamento pode ser aprendido e controlado. Diria que estou entre os serenos, reflexivos, lento mesmo para tomar decisões embora não seja indeciso. E mesmo assim, algumas vezes me arrependo...
Grande abraço,
Adh

Lumenamena disse...

Abdul Hakim,

"Haja" - é uma variante do verbo Haver.
Utiliza-se haja, acompanhado sempre por um adjectivo, ou seja, neste caso "Bem-Haja!", como exclamação de agradecimento.
Vejamos, "Bem-Haja", que eu utilizo muito no final dos meus comentários. O que quero dizer: seja bem vindo!
Espero que tenhas entendido.

Obrigada Hakim,

Um Bem-Haja!
Lumena

Lumenamena disse...

Adh2bs,

Sim, o comportamento pode ser aprendido e controlado. O aprender é um reforço natural do comportamento. O controle é um estímulo, do elo final do comportamento.
Com essa descrição parece-me que és gémeo. Estarei errada?

Grande Abraço,
Lumena

André Santos disse...

Olá Lumena...

Numa opinião pessoal penso que impulso é a capacidade que nasce com o ser humano que o torna capaz de agir... A racionalização da realidade é que nos faz analisar tudo antes de usarmos a nossa capacidade de agir. Olhamos para o mundo como uma grande equação cheia de variáveis... Tentamos calcular os possíveis cenários de cada acção... Tudo isto para tranquilizar uma consciência a que respondemos (seja esta divina ou pessoal).

Quanto ás pessoas afectadas pelas perturbações puras da impulsividade... Não estão a ser impulsivas mas sim racionalmente cruéis (sabendo estar a ter a atitude errada mas fazendo-a igualmente).

O desafio que se coloca por vezes é um individuo ser capaz de actos de crueldade desligando qualquer consciência ou racionalização... Qualquer pessoa assim, perderia parte de si própria no processo pois teria que abdicar de uma consciência que o maltrataria eternamente.

Onde quero chegar é que não dominamos nem controlamos os nossos comportamentos mas regulamos a consciência que os aprova... Ou... Na destruição desta ultima... Agimos meramente por agir sem qualquer motivador real.

Novamente isto numa opinião pessoal não cientifica.

Fica bem =)

Unknown disse...

Gostaria de colocar esta postagem em meu blog. Tenho sua permissão?
Um abr, Carlos Bayma

Lumenamena disse...

Carlos Bayma,

Um Bem Haja!
É evidente que tem a minha permissão.
Enviarei ainda hoje via mail.

Grata pela visita,
Lumena

Lumenamena disse...

Observer,

Sim, concordo com a tua opinião.
Quando estamos conscientes dos nossos propósitos e quando nos desviamos deles, temos capacidades de reorientar e regular as nossas acções. É todo um processo de aprendizagem.

Abraços,
Lumena