4.12.09

Quadra Natalícia


O Consumismo Destrói o Sagrado

A estação do Natal comercializado chegou. Para quase toda a gente, fora os miseráveis, o que faz muitas excepções, é uma paragem quente e clara no inverno cinzento. Para a maioria dos celebrantes de hoje, a grande festa cristã fica limitada a dois grandes ritos: comprar, de maneira mais ou menos compulsiva, objectos úteis ou não, e empanturrar-se a si e às pessoas da sua intimidade, numa mistura indestrinçável de sentimentos em que entram igualmente a vontade de dar prazer, a ostentação e a necessidade de se divertir.
Trata-se de um nascimento, de um nascimento como todos deveriam ser, o de uma criança esperada com amor e respeito, trazendo em si as esperanças do mundo. Trata-se dos pobres, Maria e José procurando tímidamente em Belém uma hospedaria para as suas posses, sempre desprezados em favor de clientes mais ricos e reluzentes e por fim insultados por um patrão que “detesta a pobralhada”.
É a festa dos homens de boa vontade. É a festa da comunidade humana, porque é, ou será dentro de dias, a dos três Reis, cuja lenda quis que um fosse negro, alegoria viva de todas as raças da Terra, levando ao menino a variedade dos seus dons. É a festa da alegria, mas também da dôr, pois que a cada criança hoje adorada será amanhã o Homem das Dores. É enfim, a festa da própria Terra, que nos ícones da Europa de Leste vemos tantas vezes prosternada à entrada da gruta onde o Menino nasceu, a mesma Terra que na sua marcha atravessa neste momento o ponto do solstício de Inverno e nos arrasta a todos para a Primavera. Por esta razão, antes que a Igreja tivesse fixado o nascimento de Cristo nesta data, ela já era, nos tempos antigos, a festa do Sol.
Parece que não é mau lembrar estas coisas, que toda a gente sabe, e que tantos esquecem.

Lumenamena

4 comentários:

UN VOYAGEUR SANS PLACE disse...

Sim, até eu que não sou mais cristão há anos, ainda fico nervoso e sentimental na época do Natal... acho que é o espírito da época, hoje em dia, as pessoastodas nessa de comprar, fazer festa, os filmes natalinos, tudo isso. ouvi dizer também que é a época do ano onde o número de suicídios é maior. Compreensível. Deve de ser o estresse.

Ah, também acho bonito o simbolismo dos reis magos serem reis de regiões distantes, parece que cada um era de um lugar da terra, né...

Mas, para quem segue a religião cristã, não importa se católico, protestante ou ortodoxo, acho que vale a pena a reflexão neste período, pois Jesus que trouxe ao mundo uma mensagem de amor e de fraternidade, e tanto faz se o nascimento dele foi ou não nessa data, pois alguma data tinha que ser fixada, não é mesmo?

No Islamismo, Jesus também foi uma figura importante. É um profeta central (assim como Moisés e Maomé), e um muçulmano não pode dizer o nome dele (em árabe é Issa) sem dizere as seguintes palavras: que a paz de Deus esteja com ele.

Beijão, amiga, e que a paz esteja com todos nós. Bom Natal.

Lumenamena disse...

Abdoul Hakime,

Sim, reflexão. Dizes e muito bem.

Beijos e bom Natal,
Lumena

Edson Carmo disse...

Carvalho sagrado de Odin, Saturnália, dies solis... tudo é paganismo, idolatria religiosa ou comercial! Até mesmo a data 25 de dezembro é um ídolo que muitos adoram...

O nascimento de Jesus é o nascimento do amor, do perdão... é o novo nascimento que se experimenta. E este nascimento pode acontecer em qualquer dia e qualquer hora do ano. O Jesus que realiza é aquele que nasce no coração, não como informação.

Edson Carmo

Lumenamena disse...

Edson Carmo,

E que todos experimentemos este acontecimento todos os dias.

Grata,
Lumena