6.12.09

Bater no Fundo


Sentir Melancolia

O ser humano tem de conviver com a melancolia e a dor, por vezes, sentimentos inevitáveis e necessários. A tristeza é uma boa forma de adaptação, pois contribui para que uma pessoa se cuide contra qualquer perigo grave ou repentino.
Sentir-se triste ou melancólico não é sinal de uma doença mental nem equivale a sofrer de depressão. É apenas quando os sentimentos se prolongam ou se acentuam, que podem começar a ser considerados patológicos.

A melancolia é representada por um rosto apoiado nas mãos, a cabeça pesa, cheia como está de mórbidas fantasias. Os músculos da nuca, que deveriam manter erguida a cabeça, estão sempre tensos, é uma tensão arcaica, a mesma que faz um herbívoro erguer a cabeça, alarmado, quando fareja um carnívoro.

A expressão da face é, naturalmente sombria. Não é exactamente uma face escura, mas escurecida. Uma das características dos melancólicos, é combater a secura. Produzida pela combustão negra no organismo, resultante de um calor anormal, no corpo, o calor da raiva, por exemplo, uma paixão que consome o espírito e acaba por esfriar e secar o corpo. Metaforicamente falando, melancolia é isso, frieza e secura, enquanto a alegria é húmida e quente.

O sanguíneo é forte, musculoso, gosta de companhia, de comida, de bebida. O melancólico é magro, pálido, taciturno, lento, silencioso, desconfiado, invejoso, ciumento, solitário, aliás, a solidão é causa e consequência da melancolia, assim como a inactividade. A melancolia adusta, contudo, pode ter uma fase quente, furiosa, alternada com outra mais típica, que é fria e contida, que se enquadra no conceito de doença bipolar. Alimentos frios e secos dão melancolia, alimentos quentes e húmidos combatem-na.

Melancolia é um distúrbio dos humores, a alma se desliza do corpo. É uma admirável condição da mente.
Lumenamena

18 comentários:

UN VOYAGEUR SANS PLACE disse...

Melancolia! Puxa, tudo a ver comigo! Agora tenho de ir trabalhar, mas assim que der volto aqui! Aguarde-me!

UN VOYAGEUR SANS PLACE disse...

Amiga, espero que não estejas melancólica. Se estiveres, contudo, nao te digo para mudar assim de repente. Pois, do mesmo modo como o ser humano teme a morte e habituou-se, nos tempos modernos, a não falar dela e a mascarála, assim ele encara a tristeza e os momentos negros, que são uma parte da vida que não pode ser ignorada. Viva o momento, caso seja esse o momento. Só não deixa que se prolongue muito.
Falar é fácil... Quem disse que controlamos os sentimentos? Não foi isso que eu quis falar. É pra procurares a felicidade, apenas isso. Se ela te ouvir e te achar, aí é outra história.
É bom saber desa dos alimentos... acho que agora vou começar a comer só doce, pra adoçar a vida!
Beijão e saudações do amigo do Sul
Au revoir.

Lumenamena disse...

Abdoul Hakime,

Eu não estou melancólica!

Para adoçar a vida, sugiro-te um doce tradicional argentino, vale provar o alfajor do Havanna: o chocolate é meio amargo e os biscoitos que envolvem o doce de leite têm um leve sabor de limão. Acho que esse é o maior diferencial, para adoçar a vida, vale a pena!

Alimentos quentes e húmidos, para combater a melancolia.

Um Abraço,
Lumena

Unknown disse...

Gosto de te ler, Lumena, quer esteja ou não melancólico. Beijo

Graça Pereira disse...

A melancolia passa como o vento... a tristeza ás vezes, permanece!
Gostei do teu texto!
Um beijo e boa semana.
Graça

Lumenamena disse...

Eduardo Aleixo,

Grata e boa leitura.

Abraços,
Lumena

Lumenamena disse...

Graça Pereira,

"A melancolia passa como o vento... a tristeza ás vezes, permanece!"

Perfeito!
Grata pela visita.

Um beijo e boa semana!
Lumena

UN VOYAGEUR SANS PLACE disse...

Que bom que não estás melancólica, amiga! Agora estou mais tranquilo.

Gratíssimo pela sugestão! Muito boa! Adoro alfajor, hummmmmmmmmm... Mas quem disse que ele é só argentino? Aqui no Brasil, se consome mais do que lá, eu acho, e os nossos não são com chocolate amargo coisíssima nenhuma. Claro que o alfajor foi inventado na argentina, mas hoje é de toda a América do Sul, assim como o macarrão ou a pizza, que saíram da Itália, hoje são do mundo todo.

A propósito, falando de doces... tem algum doce típico aí de porugal? se dizeres que são os pastéis de Belém, explica, porque não sei como são.
Beijos, Hakime.

Lumenamena disse...

Abdoul Hakime,

Nossa escrita virou doce :)

Sim, são os conhecidos pastéis de Belém, uma sensação genuína, adoçam-nos a boca, são estaladiços e cremosos.
Só três pessoas sabem a verdadeira receita dos pastéis de Belém.
Existem, nada mais nada menos, que a dois séculos.
O segredo? :) a receita.

Os mestres pasteleiros da “Oficina do Segredo”, são os poucos detentores da receita e são obrigados a assinar um termo de responsabilidade. Fazem um juramento em como se comprometem a não divulgar a receita secreta da confecção e preparação dos verdadeiros Pastéis de Belém. Entretanto em qualquer pastelaria portuguesa é possível comprar uns pastéis semelhantes aos de Belém, designados como Pasteis de Nata, mas os originais continuam a ser os da pastelaria de Belém que preserva na sua secular existência o segredo e o saber da sua confecção.

Os ingredientes são colocados dentro de umas forminhas pequenas, forradas com massa folhada,hummmmmmmmmmmmmmmm, genial!

Beijinhos,
Lumena

UN VOYAGEUR SANS PLACE disse...

Bonjour, mon asmie! Ça va bien? Espero que sim.

Ah, que pena que acabei por desviar a atenção dos assuntos mais importantes, e a nossa conversa acabou por virar doce! Mas que é bom, isso é!

Puxa, que fixe essa dos pastéis de Belém! Belém é um bairro de Lisboa? Olha, acho super legal a receita ser secreta... soa uma discrição bem portuguesa.

Au revoir e milhares de beijos p'ra ti!

Lumenamena disse...

Belém é uma pequena cidade perto de lisboa. Hás-de ter oportunidade de saborear os pastéis de Belém, quando vieres a Portugal.

Beijinhos Hakime!
Lumena

UN VOYAGEUR SANS PLACE disse...

Tomara que sim!
Até mais ver, amiga. Na espera por um novo texto, hein?

* Patty Meirelles * disse...

Olá querida!! Como vai?
Agradeço o carinho de sua e o seu comentário.
Seja bem vindo ao meu mundinho de borboletas.
Volte sempre!
Bjs na alma;
Patty Meirelles

Dark angel disse...

Bem, grande debate acerca de coisas docinhas num post a falar de "amarguras"! :D Gostei! :D

Obrigada pela visita ao meu cantinho, Lumena.

Quero deixar o meu comentário a este post, porque no fundo ele diz-me muito, não por melancolia mas porque o associo a uma fase ( já a passar ) de menor força na minha vida, e até foi por isso que criei o meu blogue. Os meus primeiros posts revelam muito dessa fase.
A melancolia surge primeiramente porque somos humanos e também porque talvez a maturidade se dê mais pelo sofrimento que pelas coisas boas... ( polémica). Eu estudei este tema até à exaustão, para me ajudar. Aprendi a dissociar melancolia, tristeza,depressão, isolamento e a relacioná-los na sua relação causa\efeito. Foi muito produtivo, porque me sinto bem melhor interiormente, e com força para ajudar quem estiver com o mesmo problema.

Adorei o texto, identifico-me com algumas das frases. Fantástico, como as coisas se aplicam a tantas pessoas diferentes entre si e iguais em muito mais! O mundo é mesmo isto.

Obrigada pela presença. Estou por perto ;)

Lumenamena disse...

Querida Patty,

Estou bem, grata.
É com enorme alegria de te ver aqui no meu espaço.
As amizades crescem dia após dia, neste mundo dos blogues, simplesmente bonito.

Beijos,
Lumena

Lumenamena disse...

Dark angel,

Grata pela tua visita.
Gostei de ler o que expões com tanto sentimento.
Naturalmente a melancolia surge porque somos humanos, e em qualquer fase da vida todos nós passamos por ela.
Aceito completamente que a maturidade acontece, muitas vezes pelo sofrimento interior. Se não permirtirmos que as experiências da vida nos ensinem, e nos façam amadurecer, podemos até chegar à velhice sem crescimento, sem transformação, sem beleza interiores.
Para ajudar os outros temos de ter uma visão mais aberta e realista das coisas que importam à vida.
Ser maturo, é ter generosidade, serenidade, liberdade discernimento, e ser-se íntimo com o seu próprio ser, estar completamente identificado com a sua própria vontade.

Um beijo,
Lumena

Edson Carmo disse...

Existem os tipos. Há o tipo que fica feliz na cidade grande e há o que só fica feliz na tranqüilidade das montanhas. Tipos são barreiras, são empecilhos para se ser pleno. Se gosto das montanhas e estou nas montanhas, então estou no céu. Mas se gosto das montanhas e estou vivendo na cidade grande, passo a sentir que estou viver no inferno. Que alegria fajuta é está? Uma alegria mundana, produzida pelo mundo! A alegria verdadeira nunca é mundana, ela é espiritual. Assim o homem espiritual conserva sua qualidade interior sempre, tanto faz ele ser lançado no mercado ou nas montanhas, a sua qualidade interior será sempre a mesma... Ele não é apenas uma metade, mas pleno.

Edson Carmo

Lumenamena disse...

Edson Carmo,

Verdadeira razão de ser, em plenitude.

Grata,
Lumena