2.12.09

Meditação Transcendental - 3.ª parte


A Ciência do Ser e a Arte de Viver

(Continuação...)
Imagine que tem na sua mão um bloco cilíndrico. Vendo-o de lado, ele aparecerá como um quadrado; vendo-o do topo, ele aparecerá como um cilindro. Nós somos capazes de integrar estas perspectivas parciais ao objecto, a duas dimensões, num conceito mais compreensivo a três dimensões de um cilindro e não encontramos qualquer conflito entre as suas vistas. Mas se nós não tivéssemos esta estrutura perspectiva mais ampla, e tivéssemos de relacionar tudo num sistema de referência a duas dimensões, teríamos de defrontar-nos com um objecto que se apresentaria por vezes como um quadrado e outras vezes como um círculo. Nesta situação, a única forma de resolver o aparente paradoxo seria a de tentar explicar em termos do outro e, e se isto falhasse, declarar que um ou outro devia ser uma ilusão. Este é o tipo de situação com que a pessoa no estado de vigília se defronta, no que respeita ao absoluto e ao relativo. Não é que o relativo seja uma ilusão, nem que o absoluto seja irreal, ambas são reais, e a única maneira de resolver verdadeiramente o paradoxo é expandir a consciência a tal ponto, que possamos abranger ambos os aspectos simultaneamente. As diferenças são apreciadas no pleno valor da harmonia infinita. É um estado de paz e de realização.
À medida que a pessoa continua do quinto ao sétimo estado, defronta-se com experiências que, de acordo com todas as descrições, são absolutamente notáveis. O mesmo princípio aplica-se a cada etapa de desenvolvimento. Do quarto ao quinto estado de consciência a fôrmula é: “medite e tenha actividade”, regularmente e sem esforço, e continue com o resto da sua vida como habitualmente.
Removendo o mistério do misticismo – O misticismo tem muito pouco a ver com o mistério e vêm ambos da mesma raiz grega muo, que significa fechar os olhos e os lábios e tornar-se silencioso, mas enquanto um “mistério” é uma falta de conhecimento que resulta geralmente do silêncio dos outros, o “misticismo” é uma plenitude de conhecimento causada pelo retirar-se pessoalmente do mundo para um estado de silêncio interior.
Há uma opinião entre alguns psicólogos, de que é possível induzir estados superiores de consciência ao mudar directamente a química do cérebro. Considerando um exemplo específico, o LSD tende a concentrar-se no sistema visual do cérebro. Quando é muito forte, a pessoa pode muito bem ter experiências com descrições semelhantes do sexto estado de consciência, podia-se fácilmente supôr que os dois eram idênticos. Mas, quando ambos os estados são experimentados, torna-se imediatamente claro como eles são tão diferentes.
O que faz a meditação ao cérebro?
Dentro do nosso cérebro temos certas células específicamente elaboradas para criar e estimular o impulso beatífico e místico. Porém, elas só são activadas quando o homem já desenvolveu certas prerrogativas, tais como a pureza de vida e de elevação do pensamento. Também, quando já se nasce com certa evolução, elas podem manifestar-se espontâneamente, e eis a razão porque ocorrem estados místicos inconscientes.
Esta actividade mística do cérebro, que se pode traduzir por uma “doçura”, é estimulada através da Meditação. O espaço que deve haver entre as práticas de Meditação não deve ser muito longo, porque a capacidade cerebral de mantêr em actividade as células que estão impregnadas de “beatitude”, se não houver continuidade, esgota-se. A Meditação é o meio de as mantêr activas e de as recarregar novamente de energias, para ajudar os neurónios a multiplicarem-se e a produzirem novo afluxo de “doçura”. Ou seja, o prazer que sentimos no organismo (alegria interior) é provocado pela capacidade do cérebro transformar certas substâncias químicas, tais como os “açúcares”. Quanto mais “açúcar” (transformação química das células), mais tempo conservamos o bem-estar e a felicidade. Estes “açúcares” nada têm a ver com o açúcar que se ingere normalmente na alimentação, que o nosso organismo tem a capacidade e função de transformar. Este “açúcar”, ou o elemento químico doce, que provoca a “doçura” ou felicidade, é “fabricado” na Meditação.
Este açúcar é uma substância, Melatonina, derivado de um aminoácido fabricado pela glândula pineal. A Meditação impulsiona qualitativamente a glândula pineal, que por sua vez, afecta mais áreas do cérebro, entre as quais as que contêm os neurónios que se recordam de entidades superiores, e que na maior parte dos seres está passiva. Aguardemos que a Ciência venha a descobrir.
Fim
Lumenamena

6 comentários:

UN VOYAGEUR SANS PLACE disse...

Puxa! Será que entendi bem?
e qualquer forma, gosto muito de doce, e é difícil achar quem não goste. Doce é como música, de vez em quando todo mundo precisa. Não é à toa que nos países muçulmanos, seja no mundo àrabe, persa ou onde mais for, é costume se ofertar às visitas uma tigela de doces, para "adoçar", literalmente, aquele momnto. Também eu (maquiavélico que sou), sempre que conheço uma pessoa e conversei poucas vezes com ela, dou um jeito de oferecer-lhe algum doce, pois sempre fui da opinião de que o sabor da língua influencia o inconsciente, e quem sabe se assim for eu não serei "docemente" lembrado por aquela pessoa toda vez que por ela eu for lembrado?
De amargo já basta a vida!
Um abraço, amiga, ótimas idéias, hã... Fico sempre impressionado com a quantidade de cultura que essa mulher tem. Incroyable!

Lumenamena disse...

Abdoul Hakime,

Sabes, teu nome é muito bonito!

"...o sabor da língua influencia o inconsciente,..."

É isso aí!
Esse doce que ofereceste, certamente "doçura", estimula o impulso de bem-estar e felicidade.

Um Grande Abraço,

Unknown disse...

Li o teu texto e confesso que me sinto muito mais rico quando, sem as explicações da mente, científica ou não,explicações que acho essenciais para as abordagens teóricas e de sensibilização, saio da mente e entre no que não sei explicar, mas tu sabes. Além disso, há o fenómeno da totalidade da atenção, isto é, é possível, com outra maneira de estar no universo, olhar em várias direcções sem olhar para nenhuma. O que eu pretendo dizer é que as expklicações fazem perte do conhecimento. E não do Saber. Claro que digo lugares comuns para a minha estimada amiga. E olha, para que não haja confusões, sou um principiante nestas coisa. Mas tendo lido muito, muito, durante muitos anos, só com as vivèncias, interiores,espirituais, não religiosas, entenda-se, só com isso é que percebi, por exemplo, frases como esta: " Quando o discípulo está pronto, o Mestre sempre aparece". É verdade. E li isto tantas vezes. Só que foi preciso estar pronto!...
Abraço .

Lumenamena disse...

Eduardo Aleixo,

"Quando o discípulo está pronto, o Mestre sempre aparece".

Um velho e conhecido ditado hindu. Mas, para isso é necessário o discípulo estar em sintonia, com o seu Mestre.

Sim, é pura verdade.

Abraços,
Lumena

UN VOYAGEUR SANS PLACE disse...

Obrigado pelo elogio.
Abdoul Hakime em árabe quer dizer "o servo do Sábio", ou seja, de Deus, pois no islão um dos nomes de Deus é Al-Hakime - O Sábio.
Se a pessoa deiz apenas Hakime, então está a chamar-me de sábio.
Mas eu ainda não sou... tomara Deus que um dia eu seja, assim como tu já és.
Beijos do Brasil.

Lumenamena disse...

Abdoul Hakime,

Não exageres! :)
Não sou sábia. Poderei ser ainda discípula.

Abraços,
Lumena