18.12.09

Acção Humana


A Liberdade Como Exigência Essencial

Sem a ideia de liberdade, sem a convicção de que somos livres, não fazem sentido as ideias de responsabilidade pessoal, de mérito, de culpa, de remorso, de punição. Se somos aquilo que a hereditariedade e educação fizeram de nós, não agimos mas somos dirigidos por mecanismos que nos dominam. Todas as acções humanas serão simplesmente algo que nos acontece, e só aparentemente seremos nós próprios.
A convicção de que somos livres baseia-se de que as nossas decisões não são pura e simplesmente controladas pela genética, pelas nossas experiências passadas, pela socialização e pela educação.
Somos seres naturais mas é difícil admitir que façamos simplesmente parte da natureza e sejamos totalmente programados pela nossa constituição natural; somos seres sociais mas é improvável que nada mais sejamos do que o resultado da educação que recebemos, das boas ou más companhias que tivemos, etc.
Por grande que seja a nossa programação biológica ou cultural, nós, seres humanos, podemos acabar por algo que não está no programa. Podemos dizer "sim" ou "não", quero ou não quero. Por muito apertados que nos vejamos pelas circunstâncias, nunca temos ou só caminho a seguir, mas sempre vários.
Lumenamena

17 comentários:

UN VOYAGEUR SANS PLACE disse...

Amiga, concordo contigo, nossa identidade, aquilo que nos defino, que diz o que somos, jamais será 100% condicionada. Somos seres condicionados por circunstâncias externas sim, porém se fosse apenas elas, então seríamos criaturas previsíveis, o que não somos, em absoluto.
Uma vez vi um filme onde a Michelle Pfeifer interpretava uma professora que foi dar aulas a uma turma de alunos da periferia de um bairro barra pesada dos Estados Unidos, o nome do Filme era "Mentes Perigosas". Tratava-se de pessoas problemáticas, muitas delas até agressivas, jovens sem prespectiva. Mas ela os conseguiu mudar, aos poucos, fez eles refletirem sobre a vida. Lembro que um personagem conversava com ela. Fiz a professora:
"Sempre temos mais de uma escolha. Não importa a situação."
- Ah, mas e se diante de ti houver um precipício, e atrás um assassino a te perseguir?
- Podes decidir, ou pulas ou ficas. Mas sempre terás duas escolhas, no mínimo. Nunca menos que isso.

Lumenamena disse...

Abdoul Hakime,

Perfeito teu pensamento.
Vi também esse filme, retrata a realidade dos problemas dos adolescentes de zonas difíceis, que têm de sobreviver na selva urbana.
O sistema falha redondamente, as famílias são inexistentes ou apenas mais uma fonte de problemas do que a sua resolução, o ambiente da escola é pouco propício ao ensino, os problemas sociais que causam a disfuncionalidade dos alunos são simplesmente aceites como inevitáveis.

Abraços,
Lumena

UN VOYAGEUR SANS PLACE disse...

Sim, é justamente isso! Naquele filme, ninguém punha fé nesses jovens, nem eles mesmos acreditavam em si. Porém, uns poucos, movidos pelo desejo interior de mudar de vida, de ultrapassar os obstáculos, foram dando os primeiros passos, e serviram de exemplo aos demais. Esse foi o que eu quis dizer. A condição é importante para definir uma pessoa, mas ela também se define por si, por algo que lhe vem de dentro, que sobrepassa o externo.
Beijos amiga, estás óptima como sempre. Manténs uma caixa de diálogo fantástica.
Je t'embrasse!

Edson Carmo disse...

Lumena,

Não somos livres exatamente pela pseudoeducação que recebemos e temos. Educação equivale a retirar algo de alguma coisa, e o que estão fazendo não é mais que empurrar algo em nós. Lembre-se: Quando se retira o algo de alguma coisa, isso é educação. Mas isto não é o que está acontecendo em nome da educação. O que estão fazendo em nome da educação é a introdução de um programa em nós. Ser nós mesmos significa ser exatamente o que nascemos para ser. Se não somos o que nascemos para ser, então temos uma vida sem liberdade. Liberdade não é fazer o que se quer fazer. Pelo contrário! O viciado quer a sua droga, consome a sua droga, mas ele não passa de um escravo da mesma. O leão na selva tem liberdade, mas o leão de circo não tem. Ambos são leões, mas um deles não tem liberdade. O leão do circo tem empregados para alimentá-lo, para banhá-lo, para tratá-lo... Mas ele não passa de um escravo. O leão na selva, não tem nenhum empregado, ele tem de se virar para sobreviver, mas ainda assim está em liberdade – ele vive exatamente como nasceu para viver.

(...)

Edson Carmo

Lumenamena disse...

Edson,

"Liberdade não é fazer o que se quer fazer."

Consiste em aprender a dizer sim e não. Um "sim" a alguma coisa implica sempre o não ao seu contrário, e vive-versa. E muitas das vezes temos dificuldade em dizer sim de forma inteira, total, comprometendo corpo/alma e honra/ palavra.
Temos igualmente muita dificuldade em dizer “não”. Por isso pagamos a factura ao longo da vida das más escolhas que fazemos, más unicamente porque não são inteiras, claras e decididas.

Abraços,
Lumena

Edson Carmo disse...

Se eu tenho de dizer sim ou não, então não tenho liberdade – sou obrigado a escolher. Ser é não ter de escolher, porque simplesmente já se é. Eu só posso escolher ser aquilo que não sou. Assim, Ser é não poder escolher. Ser é está acima do sim e do não.

Edson Carmo

Joelson Gomes disse...

PERDIÇÃO

Vi uns olhos
Que parecem mares
Onde o marinheiro
Com seu barco vaga

Lá os meus segredos
São postos à vista
Lá sereias cantam
A canção do medo:

"Que me venha o fogo
E me tire d'alma
A tristeza baça

Que luta feroz
Contra a vontade
De fazê-la escassa...

...Que sempre fracassa ".


http://gracaplena.blogspot.com/2009/12/perdicao.html


Fca com Deus sempre.

Joelson Gomes
http://gracaplena.blogspot.com

Lumenamena disse...

Edson Carmo,

Imagino o seguinte: A partir do momento em que sou um embrião, a minha dignidade e o meu direito à vida devem ser respeitados desde o primeiro momento da minha existência. À partida está acima do sim e do não.

Abraços,
Lumena

Edson Carmo disse...

Exatamente!!!

Reflexões disse...

A verdadeira liberdade é psicológica e no coração, dos que estão aprisionados por: medo, ansiedade, depressão.................................... e mágoas, ódio, falta de perdão...

Diogo Rugeiro disse...

Este comentario é somente um conselho para um novo post...
O tema, a "necessidade de amar" - e quanto é que esta, se deveras "existe"... se sobrepoem a um desejo que com ele traga a consequencia de "fugir" ao passado ou presente...
A conclusao julgo que seria que embora haja uma tendencia, necessidade ou habito de "amar e ser amado" pelo menos no longo prazo... (que chegariamos implicaria a soma de varios curtos prazos)... seria essa "necessidade" intemporal... sera somente fruto de carencias?! kal o seu efeito quando temos coisas ainda por superar?
(deixo-te desenvolver o tema como kiseres... abraço)
p.s. nao é um tema que se "concilie" com os meus blogs... aguardo o teu post ;) abraço

Adh2BS disse...

Ah, liberdade x "humanidade"; somos os animais que dominaram (?) a natureza, conseguimos transformar comportamentos instintivos em premeditados... Acho que podemos sim, agir por impulsos oriundos da nossa origem; mas acho que somos capazes de guiá-los.
Bjão,
Adh

Lumenamena disse...

Joelson Gomes,

Lindo poema e grata pela novamente visita.

Lumena

Lumenamena disse...

Rener Brito,

Nenhuma força ou constrangimento jamais poderá tirar a liberdade, o que constitui o direito fundamental.
Somos livres porque possuimos a faculdade de nos determinarmos, em função da verdade e do bem. Somos livres porque possuimos a faculdade de escolher, pela convicção pessoal interior, e não simplesmente por efeito de impulsos instintos cegos ou por mera coacção externa.
Ser livre é poder querer escolher, é viver segundo a própria consciência.

Grata,
Lumena

Lumenamena disse...

Diogo Rugeiro,

Tema a "Necessidade de Amar".

Bonita sugestão Amigo!

Este tema é delicado e irá confundir mais do que explicar.
Penso que a necessidade existe, obviamente cria o amor. O amor existe.
Somos condicionados pela sociedade e pelos contos de fadas, para acreditar que o amor é uma coisa que acontece quando menos se espera, que domina o nosso coração, que interrompe os nossos neurônios e nos captura para uma vida de palpitações, suspiros e lágrimas. Que o amor não tem idade, não tem hora para chegar. Que o amor é lindo, poderoso e absoluto, que vence todos os preconceitos, que vence a nossa resistência e cepticismo, que é transformador e vital. Esse amor existe e ai de quem se atreve a questioná-lo.
Sim, a necessidade também cria o amor.

Vou fazer um post sobre este tema, mas amigo, só será para o ano!

Um Abraço,
Lumena

Diogo Rugeiro disse...

Mas aquilo que precepcionamos como "necessidade" nem sempre o é... é simplesmente o desejo de ter algo, que, no final de contas, simplificaria somente as nossas circunstancias... seja num "momento" ou "no decorrer de varios"...
No fim de contas, para amar, não basta sentir essa "necessidade", "carencia", whatever... É preciso estar-se apto a amar!
É tambem uma capacidade... e dai ter dito "habito" anteriormente... visto que os seres humanos, não necessariamente exclusivamente, têm essa... "tendencia"...

Lumenamena disse...

Adh2b2,

Sim, somos capazes de guiar os nossos impulsos, a nossa alma contém os nossos pensamentos, sensações e também valores de comportamentos.

Um Grande Abraço,
Lumena