
Sentir Melancolia
O ser humano tem de conviver com a melancolia e a dor, por vezes, sentimentos inevitáveis e necessários. A tristeza é uma boa forma de adaptação, pois contribui para que uma pessoa se cuide contra qualquer perigo grave ou repentino.
Sentir-se triste ou melancólico não é sinal de uma doença mental nem equivale a sofrer de depressão. É apenas quando os sentimentos se prolongam ou se acentuam, que podem começar a ser considerados patológicos.
A melancolia é representada por um rosto apoiado nas mãos, a cabeça pesa, cheia como está de mórbidas fantasias. Os músculos da nuca, que deveriam manter erguida a cabeça, estão sempre tensos, é uma tensão arcaica, a mesma que faz um herbívoro erguer a cabeça, alarmado, quando fareja um carnívoro.
A expressão da face é, naturalmente sombria. Não é exactamente uma face escura, mas escurecida. Uma das características dos melancólicos, é combater a secura. Produzida pela combustão negra no organismo, resultante de um calor anormal, no corpo, o calor da raiva, por exemplo, uma paixão que consome o espírito e acaba por esfriar e secar o corpo. Metaforicamente falando, melancolia é isso, frieza e secura, enquanto a alegria é húmida e quente.
O sanguíneo é forte, musculoso, gosta de companhia, de comida, de bebida. O melancólico é magro, pálido, taciturno, lento, silencioso, desconfiado, invejoso, ciumento, solitário, aliás, a solidão é causa e consequência da melancolia, assim como a inactividade. A melancolia adusta, contudo, pode ter uma fase quente, furiosa, alternada com outra mais típica, que é fria e contida, que se enquadra no conceito de doença bipolar. Alimentos frios e secos dão melancolia, alimentos quentes e húmidos combatem-na.
Melancolia é um distúrbio dos humores, a alma se desliza do corpo. É uma admirável condição da mente.
Lumenamena