30.11.09

Meditação Transcendental - 2.ª parte


A Ciência do Ser e a Arte de Viver

(Continuação…)
O estado de consciência transcendental é completamente distinto dos três estados de consciência encontrados, vigília, sonho e sono profundo. Pode-se distribuir estes três estados principais de consciência, apenas por dois parâmetros: (1) se o indivíduo está ou não acordado; e (2) se o indivíduo está ou não consciente de alguma coisa.
Há vários estados “superiores” de consciência que se desenvolvem como resultado do contacto regular com a consciência transcendental. Usarei a palavra “superior” para me referir a estados de consciência em que as percepções normais dos estados de consciência vigília, sonho e sono profundo, foram acrescentadas de uma forma ou de outra. Aos estados não modificados de vigília, sonho e sono profundo, chamarei estados “normais” de consciência. A consciência transcendental, sendo um estado de consciência pura, não é, portanto, nem um estado de consciência normal, nem um estado de consciência superior. Está numa categoria única, apenas sua.
A coisa mais importante a notar no quinto estado de consciência, é que a consciência pura é agora mantida não apenas nos estados mais profundos, mas vinte e quatro horas por dia, até no sono mais profundo. O pensar abrange agora todos os extractos da actividade mental e, por causa disso, Maharishi chama-o consciência cósmica. É aquele em que o estado transcendental é permanentemente mantido junto com a vigília, o sonho e o sono profundo.
Para cada estado de consciência há um estado correspondente de actividade física no corpo, e que é apenas ao produzir-se uma mudança profunda e duradoira na consciência. Uma das premissas é de que estamos apenas conscientes dos níveis superficiais da actividade mental. O que nos impede de estar conscientes dos níveis mais subtis do pensamento e do próprio campo da consciência pura, é a existência de stress no sistema nervoso. O quinto estado de consciência é apenas alcançado quando todo o stress acumulado foi dissolvido. Para isso, todo o organismo, deve ser “exercitado”, de modo que se possa ajustar ao seu estilo de funcionamento. A actividade permite ao corpo recuperar-se do enfraquecimento provocado pelo stress e voltar ao normal. Maharishi compara isto à diferença entre desenhar um traço numa pedra e desenhar um traço na água. O traço desenhado na pedra deixa um risco permanente à superfície que apenas com dificuldade é removido; o traço desenhado na água é o mesmo traço, mas não deixa nenhum vestígio permanente. Na consciência cósmica, uma experiência é como um traço na água; a experiência é percebida, mas o sistema nervoso já não fica “riscado” por ela. É um estado de completa serenidade em face a toda a adversidade, onde nada pode obscurecer a experiência de percepção pura. Um exemplo da consciência cósmica:
“A habilidade de estar no meio de Manhattan e mantêr ainda a experiência do Eu”.
O importante é que, seja o que fôr que estejamos a fazer, devemos estar completamente envolvidos nessa experiência cósmica, e não tentando mantêr um sentimento de separação. Só desta forma começaremos a infundir os efeitos da meditação na nossa vida do dia-a-dia. É por esta razão, que este estado é muitas vezes conhecido como um estado de permanente Auto-realização (literalmente a compreensão do Eu).
No sexto estado de consciência, a percepção dos objectos é refinada até ao ponto em que estamos conscientes dos níveis mais finos da existência, como um microscópio, é um nível de luz pura, um estado de consciência cósmica glorificada.
Santo Agostinho observou que:
“Não era a luz habitual que toda a matéria pode ver, nem era mais intensa, ainda que da mesma espécie, como a luz do dia fosse crescer em brilho cada vez maior e inundasse todo o espaço. Não era como isto, mas diferente; totalmente diferente de todas estas coisas.”
No sétimo estado de consciência, chama-se o estado de “consciência de unidade”, ou a maior parte das vezes “Unidade”. As janelas da percepção tornam-se refinadas, e tudo tanto dentro como fora, é agora apreciado em termos do Eu puro.

O Mestre Eckhart estava nítidamente a descrever este estado quando escreveu:
“Tudo o que o homem tem aqui extremamente, em multiplicidade, é intrínsecamente Um. Aqui, todos os pedaços de erva, madeira e pedra, tudo é Um. Esta é a mais profunda das profundidades, e por isso estou completamente fascinado.”
(Continua…)
lumenamena

5 comentários:

irineu xavier cotrim disse...

vamos meditar. acho uma boa, se organizar e conseguir a disciplina.

Lumenamena disse...

Um Bem Haja, metamorfosear!

Certamente se estiver envolvido nessa experiência, consegue-se obtêr a disciplina.

Abraços,
Lumena

UN VOYAGEUR SANS PLACE disse...

Quer dizer então que a "compreensão do eu" é mais um estadado de espírito que um pensamento?

Lumenamena disse...

Abdoul Hakime,

O "compreensão do "eu" ou "ego", como queiras chamar, é a representação do espírito, ou seja, um estado de espírito, no mundo externo. Através dele o espírito se realiza, a sua existência é fundamental (eu ou ego) ao espírito, visto que a sua manifestação directa no mundo, sem esse intermédio tornar-se-ia impossível, dada a natureza da sua essência.
Espero ter-me feito entender.

Um Abraço,
Lumena

UN VOYAGEUR SANS PLACE disse...

Sim, creio que entendi. Uma coisa é consequencia de outra.
Merci.