18.9.09

Sexo Tântrico



Nascido na Índia Medieval, o Tantrismo é praticado a partir do século IV, é um ensinamento que tem vindo a ser passado de geração em geração. O Tantrismo é uma arte, uma filosofia de vida, que não pode ser adoptada de um momento para o outro e, depois, porque o sexo tântrico não é tão simples como se possa pensar. Requer tempo, aprendizagem e conhecimentos!
Não se trata apenas da união de dois corpos que se fundem no acto sexual, mas também a fusão entre as duas forças do mundo: o homem e a mulher, num sentido espiritual e sexual. Essas forças (energia), estão em todo o nosso corpo, fluindo por todos os locais energéticos que possuimos. A nuca, os órgãos genitais, a coluna, a testa e o estômago são os centros energéticos do corpo ou, em linguagem mais correcta, os chakras, pontos concentrados de energia.
Não pode haver pressa nenhuma em se chegar ao orgasmo. E quanto mais ele demorar a acontecer, melhor será. Parte-se do princípio de que toda a energia retida, quando libertada, surge sob forma de uma explosão. Na verdade o casal parece perder a noção de tempo enquanto realiza o sexo tântrico. Portanto, se os dois têm compromissos, têm hora marcada para outras coisas, então é melhor deixar a prática para uma ocasião mais apropriada.
Em média, uma relação sexual dura em torno de 15 minutos, no sexo tântrico ela dura no mínimo duas horas. Caso haja ejaculação em menos de uma hora, acaba por se considerar ejaculação precoce.
O sexo tântrico inicia-se com troca de palavras afectuosas, trocas de carinho e de contemplação simultânea de ambas as partes. Não existe egoísmo, não existem atitudes agressivas e violentas.
Os Níveis da Relação Sexual
O primeiro nível - a mente
Quando uma pessoa deseja outra e visualiza um acto de amor com ela, já começa a desencadear forças que têm valor tântrico. Como tudo o que ocorre no plano objectivo é uma cristalização do que foi anteriormente plasmado no plano subjectivo, o facto de se mentalizar uma aproximação com alguém, tenderá a tornar esse desejo uma realidade.
Não obstante essa prática contribuir para a realização do que foi visualizado, jamais poderá actuar contra a vontade de quem quer que seja. Se a sua mentalização encontra um campo favorável, ou até mesmo neutro, realizar-se-á.
O segundo nível - o olhar
O olhar tem um poder extraordinário de estabelecer ligação profunda entre as pessoas, de gerar amor e de desencadear excitação sexual. É um recurso que, em público, em menos de um segundo, sem que ninguém em torno perceba nada, pode estabelecer vínculos definitivos entre duas pessoas.
Durante um simples beijo ou durante um contacto sexual de último grau, o uso do olhar pode super-dimensionar as sensações, amplificando-as dezenas de vezes. As pessoas que beijam ou fazem amor de olhos fechados estão a perder um upgrade precioso, capaz de lhe abrir canais jamais experimentados de envolvimento e de prazer.
Um iniciado tântrico, que tenha desenvolvido o siddhi do olhar, pode produzir excitação sexual numa pessoa sem tocá-la, sem lhe dirigir a palavra, simplesmente penetrando a pessoa com o olhar. Conhecem-se muitos casos de orgasmo desencadeado sòmente com o efeito olho-no-olho durante algum tempo. Nisso se baseia o exercício tântrico denominado drishti, em que os parceiros não precisam se tocar para produzir eclosões energéticas inimagináveis.
É importante frisar que neste como nos demais níveis, o catalisador é a reciprocidade. Portanto, os efeitos acima só ocorrem quando as duas pessoas manifestam o factor intenção. Sòmente havendo intenção de ambas as partes, o fenômeno tem lugar. Assim sendo, se alguém com o olhar lhe desencadear excitação, nem cogite em acusá-lo de invasão de privacidade, de manipulação mental, ou de hipnose. Nada de hipocrisia! Se mexeu com os seus hormônios, com a sua respiração, com os seus batimentos cardíacos, terá sido por lhe ter proporcionado um catalisador: a sua reciprocidade.
O terceiro nível - a palavra
Falar, olhar ou tocar, podem ser manifestados em modulações que vão desde a assexuada até aquelas que deflagram a chama do desejo, ou que podem inibir e desligar qualquer estímulo.
O tom da voz, o assunto e o vocabulário escolhido podem produzir efeitos incalculáveis. Durante um contacto sexual a palavra é fundamental.
Uma palavra de amor pode detonar instantâneamente o explosivo da sexualidade. Um diálogo picante pode projectar os amantes aos píncaros da excitabilidade. Falar sobre as suas fantasias pode hipervalorizar a sua cumplicidade, e mover os sectores mais subconscientes do casal, onde se localiza a liberação dos instintos.
O quarto nível - o toque
O toque pode ser estimulante ou desestimulante. Pode ser carinhoso ou grosseiro. Pode ser, mais simplesmente, um toque neutro. Quase sempre, as pessoas tocam seus parceiros sexuais de maneira inadequada. Não se detêm em considerar que nesse momento especial estão com o poder de transformar a vida de um outro ser humano e a sua própria, dependendo de como olhem, como modulem a voz, o que digam, como toquem.
O toque é uma arte que precisa de ser desenvolvida, tocar é sagrado. É o momento em que os campos eléctricos do seu corpo se conectam com os de um outro corpo. Ocorrem trocas energéticas que sempre influenciam a saúde, o equilíbrio, a felicidade, o karma.
O Beijar já é fazer amor. Tocar com seus lábios suavemente os lábios de alguém, permitir que suas texturas, temperaturas, perfumes sejam compartilhados e usufruídos, constitui uma oferenda e uma concessão que você proporciona a um número muito limitado de privilegiados.
O quinto nível - o beijo
A mucosa da boca é muito semelhante à mucosa dos órgãos genitais. Os condimentos que excitam a boca excitam a sexualidade. Quase todos os adultos ao se beijarem ficam sexualmente estimulados: homens têm ereção, mulheres ficam húmidas.
Há pessoas que conseguem nos marcar para o resto da vida com apenas um toque nos lábios. Quantas pessoas cativaram para sempre um parceiro ou parceira apenas com um beijo! Já imaginaram ou cometeram uma relação sexual sem beijo? O ser humano é o único animal que copula beijando-se. É uma característica da evolução.
Não é qualquer beijo que produz as mais sublimes sensações. Experimente beijar com mais suavidade. Explore mais os lábios. Pesquise a temperatura do cantinho da boca. Deslize seus lábios sobre os do parceiro ou parceira. Alterne a pressão durante um mesmo beijo. Toque carinhosamente a pontinha da língua no lábio inferior do parceiro. Exerça uma carinhosa sucção. No Tantra Branco, trata-se do parceiro com muito amor, suavidade e carinho. Mas, acima de tudo, sinta profundamente e deixe que seu Shakta ou sua Shaktí perceba o quão profundamente isso é importante. Explore o poder catalisador da reciprocidade.
O sexto nível - carícia corporal
Cada pessoa sente mais prazer em determinadas áreas e com diferentes formas de toque ou de pressão. Informar não significa forçosamente falar. Pode informar com uma respiração mais profunda, um sorriso ou um gemido de prazer cada vez que o outro acertar. Mas se demorar para encontrar a sua forma ideal de carícia, segure-o e conduza com o toque a fim de que entenda o que deseja.
As mulheres geralmente machucam, sem querer, os testículos e a glande do parceiro. Os homens geralmente machucam o clitóris e os mamilos da parceira. Portanto, a regra é a carícia delicada.
Se a mulher gosta de uma erecção gloriosa não deve pressionar a glande, pois isso bombeia o sangue para fora do pênis. Para intensificar a rigidez do órgão masculino um dos recursos mais eficientes consiste em apertar a base do pênis e puxar o sangue para a ponta.
O sétimo nível - o coito
O contacto sexual tântrico não deve ser realizado com pressa. Se não há tempo, deixe para uma ocasião mais apropriada. Não tenha por objectivo o orgasmo e sim o prolongamento do prazer por algumas horas.
Tome um banho antes da sua prática de maithuna, friccionando os chakras, utilizando uma gota de Carezza sobre o swaddhisthana, uma sobre o anáhata e outra sobre o ájña chakra. Quando friccionar este último, tome cuidado para não deixar a essência escorrer para os olhos.
Durante a prática do drishti, inicie a experiência do tacto. Primeiramente, das mãos do parceiro, depois do rosto, cabelos, peito, ventre. Essa etapa preliminar pode durar o tempo que o casal achar por bem. Quanto mais prolongada, melhor.
Quando surgir o impulso natural para a comunhão dos corpos, o par pode escolher qualquer posição sentada ou deitada, desde que a mulher fique por cima. A explicação filosófica dessa preferência é a de que a parceira tântrica representa a Shaktí, a deusa que constitui a energia de Shiva. Ele, o Shákta, adorador da Shaktí, fica por baixo. Na verdade, essa alegoria esconde uma razão de ordem prática: é que a mulher por cima torna-se mais livre e participante. Não é possuída, mas possui. E como comanda os movimentos pode ir buscar um melhor coeficiente de atrito nas zonas em que tiver mais sensibilidade.
Quando terminar esta linda experiência, os parceiros devem praticar meditação frente a frente e, depois, outro banho. Esse exercício aumenta muito a potência sexual do homem e a libido da mulher. Os dois devem estar alertados para saber lidar com isso.
Tomem uma refeição leve, com afrodisíacos, usem óleos aromáticos, e excluam posições nas quais a mulher se possa cansar.
Lumenamena

6 comentários:

André Santos disse...

Bem parece-me meramente engraçado o facto deste post ainda não ter recebido nenhum comment quando tenho uma ligeira certeza de que muitos foram os que o leram...

Bem não querendo criticar algo que nunca experimentei não o vou fazer mas deixo aqui uma opinião que em nada se baseia a não ser provavelmente uns minutos de pensamento...

"Não se trata apenas da união de dois corpos que se fundem no acto sexual, mas também a fusão entre as duas forças do mundo: o homem e a mulher, num sentido espiritual e sexual." talvez tenha uma linha de pensamento um pouco mais convencional mas nunca vi o sexo como uma união de dois corpos nem como uma união de forças do mundo... Não o vejo também como uma forma de atingir um prazer pois não é nem um meio nem um fim mas sim um momento...

Correndo um enorme risco de parecer incrivelmente ridículo vejo o sexo muito mais como o momento de ultrapassagem da barreira mais profunda... É o momento em que duas pessoas não pensam... Não se julgam... Não se importam... Simplesmente existem... É um momento de profunda intimidade que (Quando feito pelos bons motivos) apenas ocorre para duas almas se conhecerem verdadeiramente... É um momento de confiança e abertura um para com o outro a que nada se pode comparar.

E num mundo onde o sexo foi banalizado ao extremo e onde até chegou ao cumulo de ser comercializado e programado nas mentes como moda... Tornou-se um ritual cuja existência consiste por apenas existir.

Não sei se optar pela filosofia de sexo tântrico será uma possível solução ao que eu vejo ser um problema no mundo de hoje... Se as mentalidades não mudarem nenhum ritual mudará a experiência.

Termino novamente correndo um enorme risco de parecer muito foleiro e antiquado... Mas creio e acredito mesmo que não existem técnicas... Filosofias... Ou rituais certos... Mas sim mentalidades certas... E neste assunto sempre acreditei que o coração tem a ultima palavra...

Lumenamena disse...

Concordo contigo, muitos poderão ter passado por aqui e sòmente lido o post. Mas adiante...

"nunca vi o sexo como uma união de dois corpos nem como uma união de forças do mundo..." - na tradição tântrica, ou seja na Índia, os costumes e tradições são diferentes de cultura para cultura. Aqui não podemos pôr em causa os costumes, mas sim como dizes, somente uma opinião.

"Não o vejo também como uma forma de atingir um prazer pois não é nem um meio nem um fim mas sim um momento..." - o artigo sobre sexo tântrico, não incide sòmente no prazer, em causa está uma série de significados com várias linguagens que surgiu na Índia. É uma prática sem nenhum místério, nem nenhum julgamento para ambas as partes. E os seus ensinamentos vão muito além dos aspectos sexuais, incluindo muitos outros aspectos de vida psíquica e espiritual dos seres humanos. O próprio post mostra tudo isso.

"E num mundo onde o sexo foi banalizado ao extremo e onde até chegou ao cumulo de ser comercializado e programado nas mentes como moda... Tornou-se um ritual cuja existência consiste por apenas existir." - Se formos por esta ordem de ideias, e que na verdade até é a realidade dos tempos de hoje, mas que sentido pode existir na ausência de valores? Cabe a cada um de nós questionar a própria existência, ou seja, questionar a si mesma.

O ego usa conceitos, idéias e crenças e se apega a essas ideias e é isso que mantêm o mundo aparentemnete no estado caótico, e a mentalidade certa é organizar a própria realidade.

Obrigada pela presença,

Um abraço,
Lumena

André Santos disse...

Que sentido poderá haver numa ausência de valores? Porque não uma anarquia pura social? Sem qualquer tipo de coerção onde cada um pensa pela sua cabeça? Pessoalmente até penso que seria uma boa tentativa nas sociedades modernas. Um ponto 0 da Humanidade.

Eu concordo com a ideia de mudar o mundo actual mas lá está se os valores em vigor são a causa profunda dos comportamentos actuais... Então para mudarmos o mundo para aquilo que achamos correcto teríamos que inverter os valores sociais para o seu oposto (partindo do pressuposto que tal seria possível e que o ser que o fizesse tivesse um pensamento lógico). Mas lá está aqui entra-se novamente no mesmo erro... Para melhorar as coisas não devemos corrigir os erros mas sim apaga-los e começar de novo...

Por exemplo neste tópico... Tínhamos a postura conservadora de relações sexuais apenas após o casamento... Depois o mundo assistiu a uma revolução social nesta área e agora temos numa grande maioria a taxa de adolescentes gravidas a subir em flecha, estatísticas apontam que uma assustadora parte dos jovens começa a ter relações sexuais com 14 anos... E agora começam a surgir os contra-revolucionários que decidiram praticar a abstinência...

A Humanidade anda de um lado para o outro não pensando por si mas pensando através dos erros dos outros (uma tipologia de aprender com os erros dos outros) quando talvez a solução fosse originar a quebra dos valores por detrás dos erros e criar novos valores tendo a aprendizagem do passado em mente originando assim aquilo que em toda a minha vida vi como a utopia do pensamento... Um pensamento livre de condicionantes e aqui é onde eu penso que o mundo vai errar no futuro... Este mundo vai ser o mundo dos revolucionários que fogem de erros velhos e os contra-revolucionários que iram fugir dos novos numa bola de neve gigante sem qualquer tipo de fim a vista.

Obviamente que isto é meramente uma opinião não sendo obviamente baseada em nenhuma teoria existente e documentada mas por umas poucas horas de pensamento livre.

Lumenamena disse...

"Porque não uma anarquia pura social?"

Sim, concordo, aliás, a anarquia é dos mais belos, puros e honestos ideais de organização social.
Vamos "viajar" aos tempos atrás, onde houve sociedades anárquicas.
Um exemplo bem ilustrativo foi o caso da antiga Irlanda.
A forma com que os anarquistas proporcionam respeito às particulariedades do indivíduo, ao longo da sua existencia, é uma forma de não violência e um estilo não violento que tem sido ampliado pelos valores anarquistas.
A essência do anarquismo é remover a violência das relações humanas.

Bem Haja,
Lumena

Pink Poison disse...

Anarquia social não existe: exiset anomia na sociedade

Lumenamena disse...

pink poison,

Agradecia que exemplificasse o seu comentário, com base no post em questão.