Nascido na Índia Medieval, o Tantrismo é praticado a partir do século IV, é um ensinamento que tem vindo a ser passado de geração em geração. O Tantrismo é uma arte, uma filosofia de vida, que não pode ser adoptada de um momento para o outro e, depois, porque o sexo tântrico não é tão simples como se possa pensar. Requer tempo, aprendizagem e conhecimentos!
Não se trata apenas da união de dois corpos que se fundem no acto sexual, mas também a fusão entre as duas forças do mundo: o homem e a mulher, num sentido espiritual e sexual. Essas forças (energia), estão em todo o nosso corpo, fluindo por todos os locais energéticos que possuimos. A nuca, os órgãos genitais, a coluna, a testa e o estômago são os centros energéticos do corpo ou, em linguagem mais correcta, os chakras, pontos concentrados de energia.
Não pode haver pressa nenhuma em se chegar ao orgasmo. E quanto mais ele demorar a acontecer, melhor será. Parte-se do princípio de que toda a energia retida, quando libertada, surge sob forma de uma explosão. Na verdade o casal parece perder a noção de tempo enquanto realiza o sexo tântrico. Portanto, se os dois têm compromissos, têm hora marcada para outras coisas, então é melhor deixar a prática para uma ocasião mais apropriada.
Em média, uma relação sexual dura em torno de 15 minutos, no sexo tântrico ela dura no mínimo duas horas. Caso haja ejaculação em menos de uma hora, acaba por se considerar ejaculação precoce.
O sexo tântrico inicia-se com troca de palavras afectuosas, trocas de carinho e de contemplação simultânea de ambas as partes. Não existe egoísmo, não existem atitudes agressivas e violentas.
Os Níveis da Relação Sexual
O primeiro nível - a mente
Quando uma pessoa deseja outra e visualiza um acto de amor com ela, já começa a desencadear forças que têm valor tântrico. Como tudo o que ocorre no plano objectivo é uma cristalização do que foi anteriormente plasmado no plano subjectivo, o facto de se mentalizar uma aproximação com alguém, tenderá a tornar esse desejo uma realidade.
Não obstante essa prática contribuir para a realização do que foi visualizado, jamais poderá actuar contra a vontade de quem quer que seja. Se a sua mentalização encontra um campo favorável, ou até mesmo neutro, realizar-se-á.
O segundo nível - o olhar
O olhar tem um poder extraordinário de estabelecer ligação profunda entre as pessoas, de gerar amor e de desencadear excitação sexual. É um recurso que, em público, em menos de um segundo, sem que ninguém em torno perceba nada, pode estabelecer vínculos definitivos entre duas pessoas.
Durante um simples beijo ou durante um contacto sexual de último grau, o uso do olhar pode super-dimensionar as sensações, amplificando-as dezenas de vezes. As pessoas que beijam ou fazem amor de olhos fechados estão a perder um upgrade precioso, capaz de lhe abrir canais jamais experimentados de envolvimento e de prazer.
Um iniciado tântrico, que tenha desenvolvido o siddhi do olhar, pode produzir excitação sexual numa pessoa sem tocá-la, sem lhe dirigir a palavra, simplesmente penetrando a pessoa com o olhar. Conhecem-se muitos casos de orgasmo desencadeado sòmente com o efeito olho-no-olho durante algum tempo. Nisso se baseia o exercício tântrico denominado drishti, em que os parceiros não precisam se tocar para produzir eclosões energéticas inimagináveis.
É importante frisar que neste como nos demais níveis, o catalisador é a reciprocidade. Portanto, os efeitos acima só ocorrem quando as duas pessoas manifestam o factor intenção. Sòmente havendo intenção de ambas as partes, o fenômeno tem lugar. Assim sendo, se alguém com o olhar lhe desencadear excitação, nem cogite em acusá-lo de invasão de privacidade, de manipulação mental, ou de hipnose. Nada de hipocrisia! Se mexeu com os seus hormônios, com a sua respiração, com os seus batimentos cardíacos, terá sido por lhe ter proporcionado um catalisador: a sua reciprocidade.
O terceiro nível - a palavra
Falar, olhar ou tocar, podem ser manifestados em modulações que vão desde a assexuada até aquelas que deflagram a chama do desejo, ou que podem inibir e desligar qualquer estímulo.
O tom da voz, o assunto e o vocabulário escolhido podem produzir efeitos incalculáveis. Durante um contacto sexual a palavra é fundamental.
Uma palavra de amor pode detonar instantâneamente o explosivo da sexualidade. Um diálogo picante pode projectar os amantes aos píncaros da excitabilidade. Falar sobre as suas fantasias pode hipervalorizar a sua cumplicidade, e mover os sectores mais subconscientes do casal, onde se localiza a liberação dos instintos.
O quarto nível - o toque
O toque pode ser estimulante ou desestimulante. Pode ser carinhoso ou grosseiro. Pode ser, mais simplesmente, um toque neutro. Quase sempre, as pessoas tocam seus parceiros sexuais de maneira inadequada. Não se detêm em considerar que nesse momento especial estão com o poder de transformar a vida de um outro ser humano e a sua própria, dependendo de como olhem, como modulem a voz, o que digam, como toquem.
O toque é uma arte que precisa de ser desenvolvida, tocar é sagrado. É o momento em que os campos eléctricos do seu corpo se conectam com os de um outro corpo. Ocorrem trocas energéticas que sempre influenciam a saúde, o equilíbrio, a felicidade, o karma.
O Beijar já é fazer amor. Tocar com seus lábios suavemente os lábios de alguém, permitir que suas texturas, temperaturas, perfumes sejam compartilhados e usufruídos, constitui uma oferenda e uma concessão que você proporciona a um número muito limitado de privilegiados.
O quinto nível - o beijo
A mucosa da boca é muito semelhante à mucosa dos órgãos genitais. Os condimentos que excitam a boca excitam a sexualidade. Quase todos os adultos ao se beijarem ficam sexualmente estimulados: homens têm ereção, mulheres ficam húmidas.
Há pessoas que conseguem nos marcar para o resto da vida com apenas um toque nos lábios. Quantas pessoas cativaram para sempre um parceiro ou parceira apenas com um beijo! Já imaginaram ou cometeram uma relação sexual sem beijo? O ser humano é o único animal que copula beijando-se. É uma característica da evolução.
Não é qualquer beijo que produz as mais sublimes sensações. Experimente beijar com mais suavidade. Explore mais os lábios. Pesquise a temperatura do cantinho da boca. Deslize seus lábios sobre os do parceiro ou parceira. Alterne a pressão durante um mesmo beijo. Toque carinhosamente a pontinha da língua no lábio inferior do parceiro. Exerça uma carinhosa sucção. No Tantra Branco, trata-se do parceiro com muito amor, suavidade e carinho. Mas, acima de tudo, sinta profundamente e deixe que seu Shakta ou sua Shaktí perceba o quão profundamente isso é importante. Explore o poder catalisador da reciprocidade.
O sexto nível - carícia corporal
Cada pessoa sente mais prazer em determinadas áreas e com diferentes formas de toque ou de pressão. Informar não significa forçosamente falar. Pode informar com uma respiração mais profunda, um sorriso ou um gemido de prazer cada vez que o outro acertar. Mas se demorar para encontrar a sua forma ideal de carícia, segure-o e conduza com o toque a fim de que entenda o que deseja.
As mulheres geralmente machucam, sem querer, os testículos e a glande do parceiro. Os homens geralmente machucam o clitóris e os mamilos da parceira. Portanto, a regra é a carícia delicada.
Se a mulher gosta de uma erecção gloriosa não deve pressionar a glande, pois isso bombeia o sangue para fora do pênis. Para intensificar a rigidez do órgão masculino um dos recursos mais eficientes consiste em apertar a base do pênis e puxar o sangue para a ponta.
O sétimo nível - o coito
O contacto sexual tântrico não deve ser realizado com pressa. Se não há tempo, deixe para uma ocasião mais apropriada. Não tenha por objectivo o orgasmo e sim o prolongamento do prazer por algumas horas.
Tome um banho antes da sua prática de maithuna, friccionando os chakras, utilizando uma gota de Carezza sobre o swaddhisthana, uma sobre o anáhata e outra sobre o ájña chakra. Quando friccionar este último, tome cuidado para não deixar a essência escorrer para os olhos.
Durante a prática do drishti, inicie a experiência do tacto. Primeiramente, das mãos do parceiro, depois do rosto, cabelos, peito, ventre. Essa etapa preliminar pode durar o tempo que o casal achar por bem. Quanto mais prolongada, melhor.
Quando surgir o impulso natural para a comunhão dos corpos, o par pode escolher qualquer posição sentada ou deitada, desde que a mulher fique por cima. A explicação filosófica dessa preferência é a de que a parceira tântrica representa a Shaktí, a deusa que constitui a energia de Shiva. Ele, o Shákta, adorador da Shaktí, fica por baixo. Na verdade, essa alegoria esconde uma razão de ordem prática: é que a mulher por cima torna-se mais livre e participante. Não é possuída, mas possui. E como comanda os movimentos pode ir buscar um melhor coeficiente de atrito nas zonas em que tiver mais sensibilidade.
Quando terminar esta linda experiência, os parceiros devem praticar meditação frente a frente e, depois, outro banho. Esse exercício aumenta muito a potência sexual do homem e a libido da mulher. Os dois devem estar alertados para saber lidar com isso.
Tomem uma refeição leve, com afrodisíacos, usem óleos aromáticos, e excluam posições nas quais a mulher se possa cansar.
Lumenamena