28.9.09

Um Impulso Irresistível



Ser um pouco impulsivo não faz mal a quem pretende ter êxito na vida. Mas há uma impulsividade patológica que pode levar-nos ao inferno.

Sou muito impaciente, gosto de actividades, em que o risco é palpável, não suporto o tédio e, para não cair nas suas malhas, procuro insistentemente sensações novas e excitantes. Além disso, tenho uma mente inquieta que me induz a tomar decisões rápidas, pouco pensadas e sem pesar as consequências para mim e para os que me rodeiam. Procuro que as minhas acções tenham sempre uma recompensa imediata. Não me considero uma pessoa perseverante, tenho mudanças de humor e, frequentemente reajo com agressividade.

Se o leitor se vê reflectido nesta descrição, é seguramente uma pessoa com carácter ou com um estilo de vida impulsivo.
Normalmente a impulsividade tende a ser considerada uma característica negativa e, esquecemo-nos que ela desempenha um papel importante no comportamento normal das pessoas.
O homem é impulsivo por natureza, de certa forma, tem a impulsividade impressa na sua herança genética. Na actual sociedade competitiva, estes valores estão mais vigentes do que nunca. A imagem do executivo agressivo, capaz de tomar decisões com rapidez, constitui uma garantia de êxito, sempre que essa conduta represente opções vantajosas para o negócio. E as pessoas que se deixam levar com habilidade pelos seus impulsos e intuições, aparentemente de modo irreflectido, são admiradas socialmente. A impaciência, o gosto pelo risco, a preferência por recompensas imediatas, a diminuição da capacidade de análise das consequências de uma acção, a procura de prazer e a agressividade traçam o perfil do comportamento impulsivo.
O aumento dos comportamentos impulsivos na sociedade ocidental tornou-se um dos problemas sociais mais alarmantes, já que surgem associados a condutas violentas ou anti-sociais. As pessoas afectadas pelas perturbações puras da impulsividade, manifestam episódios sucessivos de agressividade verbal e física desproporcional aos acontecimentos que os desencadearam.

Sendo assim, porque será que perdemos o domínio sobre os nossos actos e pensamentos?
Que papel desempenha o cérebro?
O impulsivo nasce ou faz-se?
Lumenamena

18.9.09

Sexo Tântrico



Nascido na Índia Medieval, o Tantrismo é praticado a partir do século IV, é um ensinamento que tem vindo a ser passado de geração em geração. O Tantrismo é uma arte, uma filosofia de vida, que não pode ser adoptada de um momento para o outro e, depois, porque o sexo tântrico não é tão simples como se possa pensar. Requer tempo, aprendizagem e conhecimentos!
Não se trata apenas da união de dois corpos que se fundem no acto sexual, mas também a fusão entre as duas forças do mundo: o homem e a mulher, num sentido espiritual e sexual. Essas forças (energia), estão em todo o nosso corpo, fluindo por todos os locais energéticos que possuimos. A nuca, os órgãos genitais, a coluna, a testa e o estômago são os centros energéticos do corpo ou, em linguagem mais correcta, os chakras, pontos concentrados de energia.
Não pode haver pressa nenhuma em se chegar ao orgasmo. E quanto mais ele demorar a acontecer, melhor será. Parte-se do princípio de que toda a energia retida, quando libertada, surge sob forma de uma explosão. Na verdade o casal parece perder a noção de tempo enquanto realiza o sexo tântrico. Portanto, se os dois têm compromissos, têm hora marcada para outras coisas, então é melhor deixar a prática para uma ocasião mais apropriada.
Em média, uma relação sexual dura em torno de 15 minutos, no sexo tântrico ela dura no mínimo duas horas. Caso haja ejaculação em menos de uma hora, acaba por se considerar ejaculação precoce.
O sexo tântrico inicia-se com troca de palavras afectuosas, trocas de carinho e de contemplação simultânea de ambas as partes. Não existe egoísmo, não existem atitudes agressivas e violentas.
Os Níveis da Relação Sexual
O primeiro nível - a mente
Quando uma pessoa deseja outra e visualiza um acto de amor com ela, já começa a desencadear forças que têm valor tântrico. Como tudo o que ocorre no plano objectivo é uma cristalização do que foi anteriormente plasmado no plano subjectivo, o facto de se mentalizar uma aproximação com alguém, tenderá a tornar esse desejo uma realidade.
Não obstante essa prática contribuir para a realização do que foi visualizado, jamais poderá actuar contra a vontade de quem quer que seja. Se a sua mentalização encontra um campo favorável, ou até mesmo neutro, realizar-se-á.
O segundo nível - o olhar
O olhar tem um poder extraordinário de estabelecer ligação profunda entre as pessoas, de gerar amor e de desencadear excitação sexual. É um recurso que, em público, em menos de um segundo, sem que ninguém em torno perceba nada, pode estabelecer vínculos definitivos entre duas pessoas.
Durante um simples beijo ou durante um contacto sexual de último grau, o uso do olhar pode super-dimensionar as sensações, amplificando-as dezenas de vezes. As pessoas que beijam ou fazem amor de olhos fechados estão a perder um upgrade precioso, capaz de lhe abrir canais jamais experimentados de envolvimento e de prazer.
Um iniciado tântrico, que tenha desenvolvido o siddhi do olhar, pode produzir excitação sexual numa pessoa sem tocá-la, sem lhe dirigir a palavra, simplesmente penetrando a pessoa com o olhar. Conhecem-se muitos casos de orgasmo desencadeado sòmente com o efeito olho-no-olho durante algum tempo. Nisso se baseia o exercício tântrico denominado drishti, em que os parceiros não precisam se tocar para produzir eclosões energéticas inimagináveis.
É importante frisar que neste como nos demais níveis, o catalisador é a reciprocidade. Portanto, os efeitos acima só ocorrem quando as duas pessoas manifestam o factor intenção. Sòmente havendo intenção de ambas as partes, o fenômeno tem lugar. Assim sendo, se alguém com o olhar lhe desencadear excitação, nem cogite em acusá-lo de invasão de privacidade, de manipulação mental, ou de hipnose. Nada de hipocrisia! Se mexeu com os seus hormônios, com a sua respiração, com os seus batimentos cardíacos, terá sido por lhe ter proporcionado um catalisador: a sua reciprocidade.
O terceiro nível - a palavra
Falar, olhar ou tocar, podem ser manifestados em modulações que vão desde a assexuada até aquelas que deflagram a chama do desejo, ou que podem inibir e desligar qualquer estímulo.
O tom da voz, o assunto e o vocabulário escolhido podem produzir efeitos incalculáveis. Durante um contacto sexual a palavra é fundamental.
Uma palavra de amor pode detonar instantâneamente o explosivo da sexualidade. Um diálogo picante pode projectar os amantes aos píncaros da excitabilidade. Falar sobre as suas fantasias pode hipervalorizar a sua cumplicidade, e mover os sectores mais subconscientes do casal, onde se localiza a liberação dos instintos.
O quarto nível - o toque
O toque pode ser estimulante ou desestimulante. Pode ser carinhoso ou grosseiro. Pode ser, mais simplesmente, um toque neutro. Quase sempre, as pessoas tocam seus parceiros sexuais de maneira inadequada. Não se detêm em considerar que nesse momento especial estão com o poder de transformar a vida de um outro ser humano e a sua própria, dependendo de como olhem, como modulem a voz, o que digam, como toquem.
O toque é uma arte que precisa de ser desenvolvida, tocar é sagrado. É o momento em que os campos eléctricos do seu corpo se conectam com os de um outro corpo. Ocorrem trocas energéticas que sempre influenciam a saúde, o equilíbrio, a felicidade, o karma.
O Beijar já é fazer amor. Tocar com seus lábios suavemente os lábios de alguém, permitir que suas texturas, temperaturas, perfumes sejam compartilhados e usufruídos, constitui uma oferenda e uma concessão que você proporciona a um número muito limitado de privilegiados.
O quinto nível - o beijo
A mucosa da boca é muito semelhante à mucosa dos órgãos genitais. Os condimentos que excitam a boca excitam a sexualidade. Quase todos os adultos ao se beijarem ficam sexualmente estimulados: homens têm ereção, mulheres ficam húmidas.
Há pessoas que conseguem nos marcar para o resto da vida com apenas um toque nos lábios. Quantas pessoas cativaram para sempre um parceiro ou parceira apenas com um beijo! Já imaginaram ou cometeram uma relação sexual sem beijo? O ser humano é o único animal que copula beijando-se. É uma característica da evolução.
Não é qualquer beijo que produz as mais sublimes sensações. Experimente beijar com mais suavidade. Explore mais os lábios. Pesquise a temperatura do cantinho da boca. Deslize seus lábios sobre os do parceiro ou parceira. Alterne a pressão durante um mesmo beijo. Toque carinhosamente a pontinha da língua no lábio inferior do parceiro. Exerça uma carinhosa sucção. No Tantra Branco, trata-se do parceiro com muito amor, suavidade e carinho. Mas, acima de tudo, sinta profundamente e deixe que seu Shakta ou sua Shaktí perceba o quão profundamente isso é importante. Explore o poder catalisador da reciprocidade.
O sexto nível - carícia corporal
Cada pessoa sente mais prazer em determinadas áreas e com diferentes formas de toque ou de pressão. Informar não significa forçosamente falar. Pode informar com uma respiração mais profunda, um sorriso ou um gemido de prazer cada vez que o outro acertar. Mas se demorar para encontrar a sua forma ideal de carícia, segure-o e conduza com o toque a fim de que entenda o que deseja.
As mulheres geralmente machucam, sem querer, os testículos e a glande do parceiro. Os homens geralmente machucam o clitóris e os mamilos da parceira. Portanto, a regra é a carícia delicada.
Se a mulher gosta de uma erecção gloriosa não deve pressionar a glande, pois isso bombeia o sangue para fora do pênis. Para intensificar a rigidez do órgão masculino um dos recursos mais eficientes consiste em apertar a base do pênis e puxar o sangue para a ponta.
O sétimo nível - o coito
O contacto sexual tântrico não deve ser realizado com pressa. Se não há tempo, deixe para uma ocasião mais apropriada. Não tenha por objectivo o orgasmo e sim o prolongamento do prazer por algumas horas.
Tome um banho antes da sua prática de maithuna, friccionando os chakras, utilizando uma gota de Carezza sobre o swaddhisthana, uma sobre o anáhata e outra sobre o ájña chakra. Quando friccionar este último, tome cuidado para não deixar a essência escorrer para os olhos.
Durante a prática do drishti, inicie a experiência do tacto. Primeiramente, das mãos do parceiro, depois do rosto, cabelos, peito, ventre. Essa etapa preliminar pode durar o tempo que o casal achar por bem. Quanto mais prolongada, melhor.
Quando surgir o impulso natural para a comunhão dos corpos, o par pode escolher qualquer posição sentada ou deitada, desde que a mulher fique por cima. A explicação filosófica dessa preferência é a de que a parceira tântrica representa a Shaktí, a deusa que constitui a energia de Shiva. Ele, o Shákta, adorador da Shaktí, fica por baixo. Na verdade, essa alegoria esconde uma razão de ordem prática: é que a mulher por cima torna-se mais livre e participante. Não é possuída, mas possui. E como comanda os movimentos pode ir buscar um melhor coeficiente de atrito nas zonas em que tiver mais sensibilidade.
Quando terminar esta linda experiência, os parceiros devem praticar meditação frente a frente e, depois, outro banho. Esse exercício aumenta muito a potência sexual do homem e a libido da mulher. Os dois devem estar alertados para saber lidar com isso.
Tomem uma refeição leve, com afrodisíacos, usem óleos aromáticos, e excluam posições nas quais a mulher se possa cansar.
Lumenamena

14.9.09

Lo Yoga della Potenza


Lo Yoga della Potenza (O Ioga da Potência), traduzido em francês, anos mais tarde, Yoga tantrique.
Um dos erros irreparáveis do Ocidente foi provávelmente o de conceptualizar a complexa substância humana sob a forma da antítese alma-corpo, só conseguindo sair dessa antítese, negando a alma. Um outro erro, e que continua a agravar-se, consiste em só conceber um trabalho de aperfeiçoamento ou de libertação interiores em função do desenvolvimento do indivíduo ou da pessoa, e não do apagamento destas duas noções em favor da, de Ser, ou do que vai mais além do que o Ser.
Ao contrário do que se passa com o zen, em que o despertar corresponde a um choque sentido como súbito, se bem que preparado por uma espera mais ou menos longa, o despertar tântrico é progressivo e procede de incessantes disciplinas. Trata-se de atingir um máximo de atenção, ela própria impossível sem um máximo de serenidade: uma superfície agitada não reflecte.
A complexa casuística de causas e efeitos, são de uma tal importância, não só para a vida espiritual mas para a utilização de todas as faculdades, que julgo não haver condição humana que elas não possam melhorar, quer se trate do homem de acção, quer do escritor, quer simplesmente do homem entregue à vida. As pessoas que sabem pouco do tantrismo conhecem-lhe em geral mais o seu lado erótico.
As práticas eróticas do tantrismo não tendem, como as do Tao, a asseguar vigor e longevidade, e não representam também, como as do Kama-Sutra, uma higiene do prazer, elas tendem sobretudo para a sacralização da união carnal, que o Ocidente nunca conheceu nem quis aceitar. Trata-se, por uma série de interditos e libertações sucessivas. A lenta e gradual familiaridade atingida pelos meios do olhar, da voz, do tacto, e finalmente da coabitação física.
Quem tenha ouvido enunciar um mantra sânscrito sabe a que ponto este se espalha sobre a multidão como ondas concêntricas, encerrando, num mistério de som. O mesmo se passava antigamente na igreja com as orações em latim, ou seja, agindo assim: ex opere operato.
O método tântrico é psicológico e não ético: trata-se de captar forças e não de adquirir virtudes.
Há vários níveis, alguns tão discretos que podem ser praticados em qualquer lugar, sem agredir os costumes vigentes.
No próximo artigo, publicarei os vários níveis na prática do sexo tântrico.
(Continua...)
Lumenamena

8.9.09

Macho Ibérico ou Ubersexual?

O mundo muda. O homem também. O novo homem, mais sensível e com um toque feminino, pretende enterrar de vez o machismo.
O homem a (espécie masculina) talvez não corra perigo, mas o modelo mais recalcitrante (o do macho latino) tem, seguramente, os dias contados. Com efeito a perda de poder permitiu a muitos homens heterossexuais (os homossexuais travam outras guerras), libertar-se da pesada carga machista que os obrigava, há séculos, a assumir as máscaras supostamente características da identidade masculina, como aparentar segurança, ocultar os sentimentos ou fingir desinteresse por coisas "femininas" como a moda.
A verdade é que hoje a virilidade está em plena mutação. Já não existe uma masculinidade hegemónica ou homogénea, mas muitas versões. Esses novos seres, que, embora sexualmente atraídos pelas mulheres e adeptos de futebol, querem usufruir da paternidade, partilhar as tarefas domésticas, tratar da pele ou mesmo ir voluntáriamente às compras, sem serem apelidados de "maricas". Assim, do universo metrossexual passámos para a era dos ubersexuais: um novo tipo de homem, simultâneamente sensível e viril.
Claro que nem tudo é côr-de-rosa. O machismo é ainda ostensivo e prevalece em muitos aspectos da sociedade, mas a verdade é que os homens estão a mudar, não tanto como as mulheres desejariam mas, sem dúvida, muito se os compararmos com os de há duas gerações.

Dez características da nova virilidade:

1 - 90% dos homens acompanham de perto a gravidez das mulheres e assistem às ecografias e ao parto. Além disso, 57% tratam dos filhos. Já não há forma única de ser pai, pois existe uma diversidades criadas (famílias com filhos de anteriores relações, a figura do padrasto, a paternidade dos homossexuais...). Ser pai representa, actualmente, uma escolha, um compromisso.
2 - Muitos já conseguem falar de si próprios, tal como as mulheres sempre fizeram. Há muitas masculinidades distintas; o modelo mediterrânico vive numa sociedade, em que o suporte económico é o homem. Muitos ainda pretendem manter a ilusão de que a "arena pública" lhes pertence. Em muitos homens, verifica-se um desfasamento entre a forma como aprendem a pensar em si mesmos e a mostrar-se aos outros e o modo como, realmente, se sentem por dentro.
3 - O mercado da cosmética masculina e da cirurgia estética duplicou nos últimos cinco anos, já representam um quarto do mercado.
Estamos como já referi, na era dos ubersexuais, termo que deriva do alemão uber, que sgnifica "sobre" ou "por cima". Não se aplica a um indivíduo com muita prática sexual. Dito de outra forma, um ubersexual seria um metrossexual, que embora se preocupe com o aspecto físico, não teme mostrar características "viris", como confiança, força e elegância.
4 - Quanto mais jovens forem os homens, mais pretendem dispôr de tempo livre para se dedicarem a si próprios. Alguns chegam mesmo a subalternizar a carreira profissinal em função desse critério.
5 - Cinco em cada dez mulheres que trabalham fora de casa e vivem com um parceiro continuam a fazer tudo sozinhas. Apenas um em cada dez homens cuida sozinho da casa, e três em cada dez partilham o trabalho com a mulher.
6 - A maior parte dos homens adora as compras "extravagantes" e deixa-se seduzir pelas prateleiras dos vinhos, conservas e delicatessen com maior facilidade do que as mulheres. obrigadas a ser mais práticas, pois continuam maioritáriamente responsáveis pelo governo da casa e pela economia familiar.
7 - São cada vez mais os que sabem cozinhar: um quinto fá-lo, a maioria proveniente da classe média-alta e dos meios urbanos. Além disso o interesse masculino pela culinária é fundamentalmente de carácter festivo e reduz-se aos fins-de-semana.
8 - Embora, por um lado, o consumo de pornografia e cibersexo, entre os homens tenha crescido, também aumentou o respeito que muitos sentem pelas companheiras, sobretudo por parte dos mais jovens, educados num ambiente de maior liberdade. O velho esquema hipócrita de uma vida "dupla", com a mulher e mãe dos filhos de um lado e as amantes do outro, não condiz com os ubersexuais.
9 - Dois terços dos homens e quatro em cada cinco mulheres acham que os homossexuais têm o direito de casar. Porém, a cultura gay libertou emocionalmente muitos heterossexuais e ajudou-os a entender-se a si próprios e a exprimir-se.
10 - O ubersexual interessa-se pela poesia, jazz, viagens, yoga e espiritualidade, entre outras manifestações culturais.
Lumenamena